CULTURA
MPB4, do bolero ao luto
Morre aos 68 anos o músico Antônio José Waghibi Filho, ele era integrante do grupo MPB4 e estava internado por causa de um câncer.
Publicado em 09/08/2012 às 6:00
Morreu ontem, aos 68 anos, o músico Antônio José Waghibi Filho, o Magro, um dos integrantes do MPB4. De acordo com o G1, o cantor, compositor, arranjador e vocalista, nascido em Itaocara (RJ), estava internado devido a um câncer.
"Com ele vai junto uma parte considerável do vocal brasileiro.
Com ele foi a minha música”, publicou Aquiles no site oficial do grupo.
Ao lado do MPB4, Magro acaba de lançar um fabuloso disco de boleros, o Contigo Aprendi, gravado, mixado e masterizado pelo próprio grupo e distribuído pela Biscoito Fino.
Nele, o quarteto enfileira um repertório que traduz para o bom português alguns dos maiores clássicos do gênero. Estão lá ‘Quizás, quizás, quizás’, ‘La barca’, ‘El reloj’, ‘Solamente uma vez’ e ‘Perfidia’, em versões assinadas por nomes como Caetano Veloso, Carlos Rennó, Celso Viáfora, Paulo César Pinheiro e Vitor Ramil.
Alguns dias atrás, a reportagem havia conversado com Miltinho sobre o novo trabalho. Ao lado de Magro, Aquiles e Ruy (que deixou o grupo em 2006, substituído por Dalmo), Miltinho ajudou a formar o MPB4 em 1965, em Niterói (RJ).
Por telefone, Miltinho contou que o sonho de gravar um CD de boleros era antigo. Nos anos 1990, eles tentaram emplacar um disco com tal repertório ao lado do Quarteto em Cy (com quem viriam a gravar tributos a Chico, Vinícius e Jobim). “Mas a coisa não deu muito certo e acabamos fazendo aquele disco do Milton Nascimento (MPB4 Canta Milton, de 1993)”, comenta.
“Mas esse desejo sempre nos perseguiu”, confessa Miltinho.
“Para você ter uma ideia, a gente tinha um número no show em que o Aquiles ficava no palco e os outros três desciam e circulavam pela plateia com aqueles sombreiros mexicanos, cantando bolero. Era uma coisa meio cômica, mas a gente cantava pra valer!”
Ele diz que o gosto pelo bolero sempre foi bastante cultivado, sobretudo por Magro e Ruy. “Mas até o Aquiles, que é o caçula, ouvia rock, mas gostava de bolero e samba-canção”, pontua Miltinho, que também teve sua fase dedicada às baladas cubanas e mexicanas.
O sonho começou a se concretizar cerca de três, quatro anos atrás, quando Contigo Aprendi começou a sair do plano das ideias. “Inicialmente, a gente pensava em fazer um disco em parceria com o Duofel”, revela. “Mas eles estavam envolvidos com aquele projeto dos Beatles (Duofel Plays The Beatles) e a coisa não andou”.
Mas a parceria com o duo de violões rendeu algumas faixas – ‘A barca’, Sabor em mim’ e ‘Relógio’ – e deu o ponta-pé ao projeto, que acabou agregando também o Trio Madeira Brasil, o Quarteto Mogani e o instrumentista Toninho Horta.
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