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CULTURA

Música clássica com laptops

Mimo traz à João Pessoa, dois concertos exclusivos com o quarteto de cordas Borromeo; apresentações acontecem nesta sexta (7) e sábado (8). 

Publicado em 07/09/2012 às 6:00


Há mais de 20 anos, o quarteto de cordas norte-americano Borromeo instiga plateias do mundo inteiro. Instiga e encanta.

Aclamado - tanto pela crítica, quanto pelo público - grupo erudito tem um diferencial curioso: executa peças de Beethoven e Bach, por exemplo, com auxílio de tecnologia de ponta. São McBooks no lugar das tradicionais partituras e telões que exibem vídeos sobre a obra que está sendo executada.

O Borromeo desembarca pela primeira vez no Brasil para dois concertos exclusivos na Mimo – Mostra Internacional de Música de Olinda: o primeiro, hoje, na Basílica de Nossa Senhora das Neves, em João Pessoa. O segundo, amanhã, na Basílica do Carmo, em Recife, ambos com entrada gratuita.

Por e-mail, o JORNAL DA PARAÍBA conversou com Nicholas Kitchen, um dos quatro integrantes do Borromeo. Ele, que amanhã, antes de embarcar para Olinda, ministra um workshop sobre música clássica e novas tecnologias na UFPB (ao lado da esposa, Yeesun Kim, também integrante do grupo), explicou como funciona a relação do quarteto com os laptops e o repertório que apresenta por aqui.

“Não há um só músico com imaginação que não tenha sido estimulado pela música do Brasil. Então, como músicos, é um privilégio saber que o público para o qual iremos tocar terá uma audição especial para ouvir nosso trabalho”, comenta Kitchen.

Ele diz que o Borromeo costuma dar concertos completamente tradicionais. Outras vezes, utiliza pedais de guitarra elétrica. “O programa que iremos mostrar aí é uma mistura muito legal dessas coisas. E ainda iremos fazer uma apresentação especial utilizando projeção de vídeo”, revela.

Com isso, o público poderá conhecer, por exemplo, o “making of” da obra ‘Razumovsky’, composta por Beethoveen (1770-1827) em 1806. “Através do telão, nós iremos levar ao público o momento da criação dessa obra, levando-o a acompanhar o manuscrito de Beethoven enquanto nós tocamos.

Esse manuscrito, às vezes limpo, às vezes cheio de correções, mas em todo caso, dá para sentir a energia que havia na escrita de Beethoven, enquanto ele trazia sua música a este mundo”, explica.

O concerto, diz Nicholas, começa com três animações. A primeira, chamada ‘Leip- zig Triangles’, foi inspirada em uma das grandes fugas de Bach (1685-1750), ‘St., Anne Fugue’. “A ‘St.

Anne’ é uma música incrível, independente do que se sabe ou não a respeito dela”, comenta o músico. “Mas quando alguém começa a estudá-la, percebe que parte da sua força vem das camadas que ele cria dentro da música”.

Com a projeção, o público poderá ver imagens onde Bach trabalhou na cidade alemã de Leipzig e também o órgão que ele tocou - o único que permanece completamente original desde que o famoso músico alemão executou essas obras, em 1746.

O segundo vídeo, ‘Childsplay’, é baseado no scherzo do último quarteto que Beethoven escreveu, a ‘OP. 135’. “Embora tudo que se tenha dito a respeito de Beethoven neste momento da vida dele, esse movimento não é só alegre, é retumbante e divertido”.

O terceiro vídeo foi inspirado no pianista de jazz Bill Evans. “Toda vez que eu ouvia a versão dele para 'Santa Claus is coming to town', eu imaginava que ela poderia render um belo quarteto de cordas. Então, eventualmente eu tomava notas da execução e do arranjo dele para seu quarteto”, diz Nicholas Kitchen, cujo aniversário é praticamente às vésperas do Natal e que, por isso, ele costumava brindar os amigos com belas figuras de Papai Noel (Santa Claus, em inglês) feitos à mão. “Então o vídeo ‘Santa’ reúne todos esses elementos”, completa.

Imagem

Jornal da Paraíba

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