CULTURA
Músico lança box de seus maiores sucessos
Marcos Valle abre para o JORNAL DA PARAÍBA o box com 11 CDs de sua trajetória
Publicado em 17/09/2011 às 6:30
Tiago Germano
Meses atrás, Marcos Valle desembrulhou um pacote enviado diretamente da gravadora EMI. Eram 23h de uma noite vaga em sua agenda, e o músico, que já esteve cercado por quase todo mundo que ainda importa na MPB, só tinha a companhia de um bom vinho seco e do moderno CD player instalado em sua sala.
Das camadas de papel emergiu uma caixa com a foto de um jovem ostentando uma cabeleira com longos fios louros e uma barba rebelde. “Abri a garrafa e comecei a fazer uma viagem no tempo, embriagado da música e do vinho”, diz Marcos Valle em entrevista exclusiva ao JORNAL DA PARAÍBA.
“Ouvi cada um dos 11 CDs do box e, lá pela manhã do outro dia, terminei a audição muito emocionado. É interessante ouvi-los todos à distância de décadas. Próximo ao lançamento de cada LP fui muito crítico com a minha obra, e hoje eu posso dizer com absoluta certeza: eu não mudaria nada do que gravei”, afirma o cantor, compositor e instrumentista carioca, que viu tirarem a poeira de sua discografia lançada pela Odeon, entre os anos de 1963 e 1974, na caixa Valle Tudo (EMI, R$ 129,90).
Com uma dezena de álbuns e um CD bônus com material inédito, o cubo mágico compila todo um bojo de influências da carreira do artista, recuperando edições que ganharam faixas adicionais e versões dos vinis cobiçados por milhares de fãs ao redor do mundo.
“É exatamente este o 'lance' da caixa: reunir minhas diferentes influências, que vão do baião ao samba, do samba ao jazz, do jazz à bossa nova”, revela. “Em cada um dos CDs prevalece uma coisa: o primeiro (Samba Demais, de 1963), por exemplo, é de bossa nova. Só depois do Mustang (Cor de Sangue, de 1969) foi que me permiti deixar o rock, o soul e o baião baterem mais fundo. O caminho termina com Estática (disco de 2010 que não está no box), em que acho que estou mais experiente, com mais referências, mas ainda fazendo aquilo em que acredito”, acrescenta.
O VALLE PERDIDO
The Lost Sessions (2010) é o CD bônus que traz as gravações de um compacto lançado em 1967 com 'Os grilos', 'Batucada surgiu', 'É preciso cantar' e 'O amor é chama', além de 11 faixas inéditas gravadas em 1966. Valle ressaltar o trabalho de Charles Gavin (ex-Titãs) na recuperação dos arquivos: “Achei esse Lost Sessions nos porões da Odeon com o Gavin, que é um grande pesquisador musical e atuou na curadoria do box. Visitamos o estúdio da gravadora no Rio de Janeiro e em uma das prateleiras havia uma gravação com uma etiqueta: 'BG Marcos Valle'. Quando ouvi, lembrei que tinha feito aquilo pouco antes de 'Samba de verão' estourar lá fora. Em algumas faixas a orquestração já estava até pronta, só precisei botar a voz”.
O registro é fruto da época em que 'Samba de verão' (hit composto em parceria com o irmão, Paulo Sérgio Valle) atingiu o 2º lugar nas paradas dos EUA e o artista viajou ao país deixando inacabado o projeto que finalmente vem a lume.
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