CULTURA
Na linha do gol
Poeta Sérgio de Castro Pinto, lança nesta terça-feira (10) 'A Flor do Gol' em João Pessoa; sessão de autógrafos será na APL.
Publicado em 10/06/2014 às 6:00 | Atualizado em 30/01/2024 às 14:06
O poeta Sérgio de Castro Pinto já foi um craque: meia-direita da seleção do Pio X, nos anos 1960, dividiu o gramado com grandes nomes de sua época. “Não tem quem diga. Eu já fui cartola também”, lembrando a experiência como presidente do Santos Futebol Clube de João Pessoa. A Flor do Gol (Escrituras, 96 páginas, R$ 20,00), que o autor lança hoje na capital, marca a volta aos gramados vestindo a camisa do verso. A sessão de autógrafos é na Academia Paraibana de Letras, às 19h.
Dividido em três partes ('A flor do gol', 'A minha fala dos bichos' e 'Bricabraque'), a nova coletânea de poemas inéditos entra em campo às vésperas da Copa do Mundo no clima de 'Pra frente Brasil!', homenageando mitos da bola como Garrincha (1933-1983), tema de dois poemas cuja forma se remete aos dribles performáticos do 'anjo das pernas tortas'.
"Estes poemas sobre Garrincha já saíram errados algumas vezes, pois na última estrofe eu retiro a pontuação para mostrar que Garrincha passou pelo zagueiro, que fica no chão só olhando a camisa número sete passar", explica Sérgio referindo-se às únicas composições do volume que não são inéditas e foram publicadas em seu clássico Domicílio em Trânsito e Outros Poemas (1983), elogiado por Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) na contracapa.
Além de Garrincha, outros cinco jogadores são escalados para as páginas de A Flor do Gol. É o que o poeta chama de 'a minha seleção de futebol de salão', que não tem nenhum atleta dos tempos atuais. "É aquele lugar-comum: não existe mais amor à camisa. O desportista beija a camisa mas na verdade está beijando o dinheiro."
Falando em dinheiro, Sérgio aproveita para avaliar a Copa do Mundo: "É tanta corrupção... Acho que o brasileiro torcia melhor quando a Copa era lá fora. Estamos meio desanimados mas quando a seleção entra em campo e faz gol a gente grita também", brinca o escritor que se une a José Lins do Rego (1901-1957) na paixão compartilhada entre o futebol e o Flamengo.
BOLA, BICHO, PALAVRA
Com prefácios de João Batista de Brito e Hildeberto Barbosa, além de uma vasta fortuna crítica, A Flor do Gol também faz uma troca de passes entre duas outras obsessões de Sérgio de Castro Pinto, como aponta Hildeberto: os animais e o jogo poético da metalinguagem.
Tema do recente Zoo Imaginário (2005), os animais ainda hão de render futuras rimas: "Sempre tive fixação por eles", admite.
"Desde o primeiro livro (Gestos Lúcidos, de 1967) tenho poemas sobre eles e tomara que venham outros."
Atualmente, Sérgio coleciona novos poemas inéditos e cogita seu retorno à prosa, ele que é um dos 'contistas bissextos' da antologia de 2007 de Sergio Faraco: "Só fiz na vida uns três contos, frutos de insônias felizes que renderam prêmio e me fizeram pensar que era contista. Foi um acidente de percurso mas às vezes penso em voltar com minhas memórias."
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