Na perspectiva de uma criança

Quando estava engajado em um projeto chamado Canto Latino, pesquisando informações sobre os países da América Latina para fazer um animadoc, o diretor Alê Abreu fazia muitos rabiscos no seu caderno de anotações. Revendo as páginas, um desses desenhos chamou sua atenção dentre vários outros: um garotinho desenhado de forma simples.

“Ele estava lá, acenando pra mim, dizendo ‘Me leva junto!’”, relembra Abreu, em entrevista ao JORNAL DA PARAÍBA.

O resultado pode ser visto a partir de hoje, no CinEspaço (Mag Shopping), em João Pessoa, com a estreia do longa-metragem animado O Menino e o Mundo (Brasil, 2013).

De acordo com o diretor paulista, faltava saber como inserir esse personagem desconhecido no mundo. Toda a história se formou em frente da ilha de edição. “Não sabia como encaixar tudo”, admite Alê Abreu. “Todo o processo era como se fosse um detetive investigando a história”.

A animação mostra um garoto que, sofrendo com a falta do pai, deixa sua aldeia e descobre um mundo fantástico dominado por máquinas-bichos e estranhos seres.

Alê sinaliza que O Menino e o Mundo tem poucas falas, concentrando a narração na trilha assinada por nomes como Naná Vasconcelos, os Barbatuques e Emicida. “O diálogo que acontece em uma parte da animação acontece com um português invertido. O filme nasceu pela ideia de dizer algo através da música, mas não é um musical. Tivemos que resolver com a força da imagem”.

Diferente de Garoto Cósmico (2007), a ‘ficção barroca’ que foi o seu primeiro longa, o diretor realizou sua nova produção com técnicas variadas, usando colagens de recortes de jornais e revistas para formar diversos elementos, além de ser usado diretamente lápis coloridos, giz de cera, pastel e canetinha para os desenhos, não havendo separação entre desenho e pintura na hora da produção.

“Fizemos o filme sob o olhar de uma criança, assumindo a liberdade que uma criança tem”, justifica o diretor.

“Tecnicamente foi difícil de resolver devido as muitas camadas de textura. Tivemos que aprender tudo na hora”.

Abreu fala que, quando fizeram as exibições teste, ele se surpreendeu com a pesquisa, que apontava crianças entre seis e 12 anos como o público principal. “Não pensei na criança ou no adulto, mas achava que seriam aqueles jovens que curtem o Animamundi os que mais gostariam”, confessa. “O adulto foi a parcela do público que mais chora”.

PROGRAMA FAMÍLIA

Além do nacional O Menino e o Mundo, entram em cartaz hoje mais duas animações no circuito paraibano: Tarzan - A Evolução da Lenda (Tarzan, Alemanha, 2013) e Caminhando com os Dinossauros (Walking with Dinosaurs, EUA, Reino Unido, Austráia, 2013) estreiam em João Pessoa e Campina Grande.

O primeiro é uma nova releitura da história do rei da selva criado por Edgar Rice Burroughs (1875-1850).

Já o segundo mostra um filhote de dinossauro que luta para sobreviver em meio às ameaças da natureza. Ambos tiveram uma semana de pré-estreia na capital paraibana.

Além do mundo animado, entra definitivamente em cartas também em João Pessoa e Campina Grande a comédia nacional Muita Calma Nessa Hora 2 (Brasil, 2013).

O filme se passa 3 anos após a viagem de Búzios. As quatro amigas (interpretadas por Débora Lamm, Fernanda Souza, Andréia Horta e Gianne Albertoni) se encontram no Rio de Janeiro para novas aventuras e confusões.

'LOBO' EM PRÉ-ESTREIA

Em João Pessoa, mais um longa-metragem entra em pré-estreia a partir de hoje.

Indicado a cinco categoria no Oscar 2014, incluindo Melhor Filme, Diretor (para Martin Scorsese) e Ator (o galã Leonardo DiCaprio), O Lobo de Wall Street (The Wolf of Wall Street, EUA, 2013) terá uma sessão diária no Box Cinépolis, sempre às 21h45. No filme, baseado no livro de memórias de Jordan Belfort, DiCaprio é um corretor da bolsa norte-americana envolvido em crimes do colarinho branco.

O ator ganhou recentemente o Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator (comédia ou musical).