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CULTURA

Nas Bodas de Prata

Forró Fest completa 25 anos e se firma como maior festival de música regional do país, dando oportunidade aos talentos da região.

Publicado em 01/06/2013 às 6:00 | Atualizado em 13/04/2023 às 18:08


“Ele é o único no Brasil inteiro”, atesta Paulo Pena, coordenador do Forró Fest, o maior festival de música regional do país que completa 25 anos de existência neste ano. “Já pesquisamos e não tem nenhum evento de forró nesse estilo”.

Promovido pelas TVs Cabo Branco e Paraíba desde 1988 – quando se chamava Forraço –, o Forró Fest incentiva e divulga a música nordestina por todos os cantos da Paraíba, oferecendo oportunidades aos novos talentos regionais.

“O festival tem um crescimento grande nesse mercado de música que se carece de exposição”, garante Pena. “Muitos artistas foram projetados durante esses 25 anos, como Ton Oliveira, Flávio José, Amazan, Lis Albuquerque e tantos outros”.

Vencedor de 2006 com a música ‘Na mão da vida’, o cantor e compositor Niedson Lua foi uma das revelações do Forró Fest que bate recordes de shows no período das festividades juninas após subir ao palco do evento nos anos seguintes.

“Realmente, o Forró Fest foi um divisor de águas para mim”, garante Lua. “Até hoje é uma grande referência na minha carreira”.

Niedson Lua atenta também que o festival não só revela os novos talentos nas feituras musicais de letra e harmonia, como também coloca em evidência os novos intérpretes, inclusive com uma premiação exclusivamente dedicada a categoria.
“Seriedade e trabalho bem feito são os fatores que definem o Forró Fest”, analisa o sanfoneiro Amazan. “É o forró mostrando a sua força em gênero e produção”.

VISIBILIDADE
Dentre os que ‘nasceram’ no berço do Forró Fest, Ton Oliveira é um dos ‘rebentos’ onde o evento acompanha paralelamente seus 23 anos de trajetória fazendo o fole roncar.

“Desde o início eu faço parte do festival, mas não como competidor”, frisa Oliveira. “Já fiz parte da comissão julgadora, na seleção das músicas para as eliminatórias e até convidando artistas para participar, além de me ajudar a dar visibilidade ao meu trabalho”.

Para Ton Oliveira, o Forró Fest não está formado meramente na dicotomia dos ‘vencedores’ e ‘perdedores’ de cada edição.

“Cheguei a gravar músicas do festival que nem sequer foram para a finalíssima”, confessa. “O evento fala por si só porque ele é único. O mais importante é a democratização, onde qualquer pessoa pode participar. Também nunca teve protestos com a idoneidade do festival”.

Outro ponto que garante a longevidade do festival que comemora suas bodas de prata nesta edição é a diversidade temática presentes nas letras – que vão desde o enaltecimento do forró arrasta-pé, passando pelos temas ligados ao cangaço, o amor, relacionamentos platônicos e chegando até as questões políticas.

“Este ano está se trabalhando muito em cima da seca”, garante o coordenador Paulo Pena, em virtude do cenário de estiagem que todo o Nordeste está passando atualmente. “Mas também tem lugar para as românticas, sobre a transposição do Rio São Francisco, a sanfona de Gonzaga...”

QUATRO CANTOS DA PB
O Forró Fest garante uma ‘vitrine’ aos compositores e intérpretes anônimos que estão espalhados pelos quatro cantos da Paraíba e não tem acesso às rádios e gravadoras, de acordo com Ton Oliveira. “Cada ano o festival abre mais espaço, principalmente com as eliminatórias em cidades diferentes”.

Municípios como Bananeiras, Solânea, Patos, Cajazeiras, Cabedelo, Pedras de Fogo, Guarabira, Monteiro, Sousa, Alagoa Grande, Conde, entre outras cidades, foram mapeados pelo embalo do evento, que acaba nos portões do ‘Maior São João do mundo’, em Campina Grande.

A cada edição o Forró Fest acrescenta mais locais, a exemplo de Itabaiana, terra do mestre Sivuca (1930-2006), que recebeu a caravana pela primeira vez. De acordo com paulo Pena, a média geral de público nas eliminatórias fica entre 10 e 15 mil pessoas.

Depois de passar por Cabedelo, Sousa, Itabaiana e Conde, a 25ª edição do Forró Fest tem a sua finalíssima marcada para o dia 8, no Parque do Povo, em Campina Grande.

O homenageado com o Troféu Asa Branca será o cantor e compositor pernambucano Dominguinhos.


CONFIRA A TRAJETÓRIA DO FORRÓ FEST

1988
O festival nasce com o nome de Forraço.
1989
João Pessoa e Patos fazem as duas eliminatórias do Forraço. A final foi transmitida de Campina Grande, ao vivo e em rede para toda a Paraíba. Vencedor: ‘Paraíba suor e neblina’ (Francisco de Assis Leitão).
1990
O festival não aconteceu.
1991
Já como Forró Fest, o evento cria o Troféu Asa Branca para homenagear os grandes nomes da música popular nordestina. Vencedor: ‘Segredo de amor’ (Nino e Ferret ). Troféu Asa Branca: Marinês.
1992
Trinta mil pessoas vão ao Xamegão, em Cajazeiras. Pepysho Neto leva os prêmios de Melhor Música, Intérprete e Arranjo. Vencedor: ‘Canto de alumiar’ (Zeca Tocantins / Pepysho Neto). Troféu Asa Branca : Jackson do Pandeiro (in memoriam).
1993
A 2ª eliminatória é realizada na cidade de Guarabira. Vencedor: ‘Coco do cão’ (Manoel Francisco da Silva / D. Martins). Troféu Asa Branca: Geraldo Correia.
1994
O Forró Fest é destaque no Vídeo Show, revista eletrônica da Rede Globo. As 12 músicas classificadas para a final são gravadas em CD. Vencedor: ‘Flora do meu torrão’ (José Rodrigues Sobrinho). Troféu Asa Branca: Antônio Barros & Cecéu.
1995
O festival tem o nome de Forraço. Duas músicas instrumentais concorrem e uma delas (‘Sanfoninha choradeira’) conquista o 3º lugar. Vencedor: ‘Cantador de rua’ (Dida Fialho). Troféu Asa Branca: Rosil Cavalcante (in memoriam).
1996
‘Minha terra natá’, de Dinarte Alves, é desclassificada por suspeita de plágio. O 3º lugar fica com ‘Meu compromisso’, de Afrânio Ramalho. Vencedor: ‘Meu lamento’ (Naldo e Valtécio). Troféu Asa Branca: Zé Calixto.
1997
A grande final do Forró Fest é transmitida ao vivo pela internet diretamente do Parque do Povo, em Campina Grande. Vencedor: ‘Meu rei’ (Toinho Carneiro). Troféu Asa Branca: Cátia de França.
1998
O Forró Fest comemora uma década como grande divulgador e incentivador da cultura nordestina. Vencedor: ‘De bodoque e baladeira’ (Artur Neto) Troféu Asa Branca: Fuba de Taperoá.
1999
Com música acusada de plágio em 1996, Dinarte Alves dá a volta por cima e vence com ‘Terra seca’. Vencedor: ‘Terra seca’ (Artur Neto). Troféu Asa Branca: Biliu de Campina.
2000
Além de revelar novos talentos, o Forró Fest incentiva os artistas e bandas da região como Cabrueira, Biliu de Campina, Ton Oliveira, Amazan, Oliveira de Panelas e Pinto do Acordeon. Vencedor: ‘Minha bandeira’ (Aracílio Gomes de Araújo). Troféu Asa Branca: João Gonçalves.
2001
O Parque do Povo recebe um dos maiores públicos da história do Forró Fest. Vencedor: ‘Zé da Paraíba ‘(Toinho Carneiro / Antão Alves). Troféu Asa Branca: Sivuca e Glorinha Gadelha.
2002
Mesmo debaixo de uma forte chuva, uma multidão compareceu ao Parque do Povo para conferir a finalíssima do Forró Fest. Vencedor: ‘A caminho do sul’ (Wilson Bandeia). Troféu Asa Branca: Diomedes, o “Dedo de Ouro”.
2003
Mais de 40 mil pessoas compareceram ao Parque do Povo para torcer pelos seus favoritos na final do Forró Fest. Vencedor: ‘Retalho de saudade’ (João Alves). Troféu Asa Branca: Manoel Serafim e Chico César.
2004
Além do 1º lugar, Ezequiel Duarte de Lima ganha o troféu de Melhor Intérprete. Vencedor: ‘Homem do sertão’ (Ezequiel Duarte de Lima). Troféu Asa Branca: Benedito do Rojão.
2005
Zabé da Loca é homenageada por ser uma ilustre representante das raízes da cultura paraibana. Vencedor: ‘Mulher de invernia’ (Márcio Cesar Silva / Antônio Amaral). Troféu Asa Branca: Zabé da Loca.
2006
O mestre-sem-cerimônias Chico Forró faz sua estreia no festival. Vencedor: ‘Na mão da vida’ (Niedson Lua). Troféu Asa Branca: Pinto do Acordeon.
2007
A grande ‘dama do forró’ Marinês, morta no dia 14 de maio, foi a homenageada do evento. Vencedor: ‘Que forró é esse?’ (Roberto Amaral). Troféu Asa Branca: Manuelzinho Silva.
2008
A finalíssima no Parque do Povo, em Campina Grande, bateu todos os recordes de público para assistir ao show de Alceu Valença. Vencedor: ‘Mei de feira’ (Toinho Carneiro). Troféu Asa Branca: Dejinha de Monteiro.
2009
A finalíssima em Campina Grande marcou os 20 anos de carreira de Amazan. Vencedor: ‘Tudo vai melhorar’ (Josenildo Tavares). Troféu Asa Branca: Amazan.
2010
O 2º lugar da edição ficou com ‘Água no pote’, de Arimatéia Piauí, e em 3º, ‘Coco babão’, de Escurinho. Vencedor: ‘Migrando do sertão’ (Ezequiel Duarte de Lima). Troféu Asa Branca: Pinto do Monteiro.
2011
O grande vencedor da noite foi o cantor e compositor Lis Albuquerque, que em parceria com o compositor Alberto Arcela. Vencedor: ‘É tudo forró’ (Lis Albuquerque / Alberto Arcela). Troféu Asa Branca: Capilé.
2012
O festival homenageia Luiz Gonzaga, o ‘Rei do baião’, em virtude de seu centenário de nascimento. Vencedor: ‘Xamego do pavio’ (Renata Arruda). Troféu Asa Branca: Waldonys.

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Jornal da Paraíba

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