icon search
icon search
home icon Home > cultura
compartilhar no whatsapp compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin copiar link deste artigo
Compartilhe o artigo
compartilhar no whatsapp compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin copiar link deste artigo
compartilhar artigo

CULTURA

Nem musa, nem vilã

Artista plástica, cantora e ativista, Yoko Ono celebra nesta segunda-feira (18) seus 80 anos com show e mostraretrospectiva na Alemanha.

Publicado em 17/02/2013 às 10:03


Para uns, ela é a viúva gasguita de Lennon, a bruxa má que lançou um feitiço nos Beatles e afogou o destino da banda em seu caldeirão borbulhante. Para outros, uma artista revolucionária, que cativou um dos ícones de sua época e tornou-se, junto com ele, um símbolo mundial da luta pela paz.

Ao comemorar seus 80 anos nesta segunda-feira, Yoko Ono ainda não terá se livrado inteiramente do mito de ter causado o desfecho dos Beatles, mesmo após Paul McCartney eximi-la publicamente, há alguns meses, de qualquer responsabilidade no episódio.

Transcendendo à condição de vilã ou mesmo de musa, a japonesa que conheceu os horrores da Segunda Guerra Mundial na infância estará amanhã na Alemanha, o epicentro do conflito, celebrando a paz e o seu aniversário em um show em Berlim com a lendária Plastic Ono Band.

Na ocasião, o grupo com o qual ela e o ex-marido gravaram três discos será liderado na ocasião por Sean Lennon, fruto da união de mais de dez anos com John.

Também na Alemanha, em Frankfurt (424 quilômetros de Berlim), será inaugurada uma retrospectiva da carreira de Yoko como artista plástica, focalizando sobretudo sua trajetória entre os anos 1960 e 1970, quando já havia se estabelecido em Nova York (EUA) e influenciou grupos de arte vanguardista como o Fluxus.

"Yoko Ono sempre foi uma artista que esteve na vanguarda", declara a pesquisadora Marta Penner. "Ela possui uma visão de arte voltada para a pesquisa e que se situa fora do sistema comercial, fora da noção do pop e do espetáculo", ressalta a professora do curso de Artes Visuais da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

Em 2007, Yoko Ono esteve pessoalmente no Brasil para apresentar uma mostra sobre a sua obra em São Paulo. Entre as peças expostas na capital paulista, estava a camisa da série 'Objetos de Sangue', pátina e pintura de 1993 que ela fez inspirada na roupa que John Lennon trajava quando foi morto a tiros na calçada de seu prédio, em Manhattan.

Segundo Marta Penner, ao longo das décadas, a arte de Yoko Ono foi evoluindo de uma abordagem mais conceitual para um viés mais espiritual, a exemplo do que ela esboça em sua 'Árvore dos Desejos', instalação que ocupou o saguão do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em São Paulo, e solicitava aos visitantes que escrevessem desejos em pedaços de papéis pendurados na estrutura.

"Aos poucos, ela foi abandonando seus trabalhos mais provocadores, suas performances mais agressivas, para inserir-se no cotidiano das pessoas a partir de questões como a paz", destaca Marta Penner, que lembra aos fãs dos Beatles que foi, na verdade, a arte de Yoko Ono que aproximou John Lennon dela, e não o contrário.

"Ele representava tudo aquilo que ela criticava", dispara, referindo-se à imagem de John herdada da fase primeira dos Beatles, quando o quarteto estabeleceu-se na mídia como um produto direto da indústria cultural.

"Não vejo Yoko Ono transformada por John Lennon, mas John Lennon transformado por Yoko Ono. Ele aprendeu a ver o mundo pelos olhos dela", diz Marta Penner, praticamente fazendo eco aos versos da canção 'Oh my love', do disco Imagine (1971), na qual John confessa ao piano que, após o amor de Yoko, pela primeira vez em sua vida, seus olhos podem ver.

"Eu acho que a relação deles tinha muito a ver com a admiração que ele sentia pelo trabalho dela. Ele parou para ouvir o que aquela mulher tinha para falar e assimilou aquilo para o seu trabalho", conclui Marta Penner, citando o episódio do 'bed-in', em que o casal dividiu os lençóis durante 12 horas, diante da imprensa, como uma intervenção política e artística da dupla influenciada pela verve performática de Yoko.

Mais que os óculos de armações redondas, foram os olhos puxados de Yoko que ajudaram John a ver o mundo sob uma outra ótica.

Imagem

Jornal da Paraíba

Tags

Comentários

Leia Também

  • compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp
    compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp