No 'Fahrenheit' nazista

“Quando a vida lhe rouba, às vezes você tem de tomar de volta”, defende seu ponto de vista a protagonista do A Menina que Roubava Livros (The Book Thief, EUA, Alemanha, 2013), filme que estreia a partir desta sexta-feira nos cinemas de João Pessoa.

Baseado no best-seller homônimo de Markus Zusak (publicado no Brasil pela Editora Intrínseca), o longa-metragem acompanha a vida de Liesel Meminger (a atriz canadense Sophie Nélisse, de O Que Traz Boas Novas), que vive na Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial.

A cultura que o sistema lhe rouba no Bücherverbrennung – a famosa ação propagandística nazista que queimava em praça pública milhares de livros não condizentes com a ideologia do Terceiro Reich – é tomada de volta pela garota, que furtivamente subtrai das chamas exemplares proibidos para garantir a sua sobrevivência moral e intelectual.

Com o pensamento libertário acolhido desde berço por uma mãe comunista (consequentemente perseguida pelo nazismo), Liesel é obrigada a se mudar para o subúrbio pobre de uma cidade alemã, onde passa a viver com um casal sem filhos (vividos pelo australiano Geoffrey Rush, de O Discurso do Rei, e a inglesa Emily Watson, de Anna Karenina) que se dispõe a adotá-la em troca de dinheiro.

Ao longo dos anos, a garota que se alfabetizou roubando livros compartilha cultura e vivências com seus vizinhos e um judeu (Ben Schnetzer, do seriado Happy Town) acolhido clandestinamente no porão dos seus pais adotivos.

Da mesma forma que no livro, o filme de Brian Percival (que dirigiu alguns episódios da série televisiva de época Downtown Abbey) é narrado pela onipresente e invisível Morte, encarnada na voz do ator britânico Roger Allam, que também narrou outra adaptação, Coração de Tinta (2008).

Quem escreveu o roteiro foi Michael Petroni, responsável pelo terror O Ritual (2011) e a aventura de fantasia Crônicas de Nárnia: A Viagem do Peregrino da Alvorada (2010).

SAMURAIS ERRANTES

Baseado em uma famosa lenda da cultura japonesa do Século 18, 47 Ronins (47 Ronin, EUA, 2013) é a outra estreia da semana em João Pessoa.

A história gira em torno de 47 samurais sem líder que buscam vingança para restaurar a honra de seu povo depois de um soberano matar o seu mestre e banir o grupo.

Dispersos por todo o país, os samurais errantes – ou ‘ronins’ – devem procurar a ajuda de um mestiço (Keanu Reeves, de Matrix) que uma vez foi rejeitado pelo grupo para lutar contra um mundo selvagem de bestas míticas, bruxarias e transformações.

Dirigido pelo estreante Carl Erik Rinsch, o elenco de 47 Ronins conta também com Tadanobu Asano (Zatoichi - O Guerreiro Genghis Khan), Rinko Kikuchi (Babel), Hiroyuki Sanada (do seriado Lost) e Kou Shibasaki (Battle Royale).

Esta é a 7ª adaptação para o cinema da lenda nipônica, mas é a primeira vez que é contada em uma produção hollywoodiana.

Os filmes anteriores foram A Vingança dos 47 Ronin (1941), Chûshingura (1958), Os Vingadores (1962), Akô-jô Danzetsu (1978), Shijûshichinin no Shikaku (1994) e Saigo no Chûshingura (2010). A tradicional história japonesa foi citada no filme de ação Ronin (1998), dirigido por John Frankenheimer.

Uma curiosidade: é a primeira produção estrelada por Reeves a estrear nos cinemas brasileiros desde O Dia em que a Terra Parou (2008).