CULTURA
No fogo morto circense
Com os paraibanos Everaldo Pontes, Zezita Matos e Nanego Lira no elenco, longa metragem de Rosemberg Cariry une cordel e magia circense.
Publicado em 25/04/2013 às 6:00 | Atualizado em 13/04/2023 às 14:52
A tradição do cordel, a magia circense e a emulsão cinematográfica ganham forma no novo longa-metragem do cearense Rosemberg Cariry, Pobres Diabos, com os paraibanos Everaldo Pontes, Zezita Matos e Nanego Lira no elenco.
“A dramaturgia do filme fala de um circo mambembe que anda pelo Nordeste. Para melhorar as condições de vida, eles tentam montar uma peça, mas não conseguem concluir o espetáculo”, resume o diretor e poeta, sempre buscando dar voz (e imagem) às minorias, preservar a história e raízes da cultura popular nordestina nos seus trabalhos.
Rosemberg aponta que os trechos da montagem da trupe foram inspirados no alagoano José Pacheco, que escreveu o cordel A Chegada de Lampião no Inferno, e o piauiense Gomes Campos, escritor de O Auto de Lampião no Além. “O filme é dedicado ao engenho poético desses dois autores”, atesta.
“O inferno tem uma estrutura social, política e econômica muito parecida com nossa sociedade”, afirma Everaldo Pontes, que interpreta o dono do circo e o Vírgulino Ferreira na peça encenada em Pobres Diabos. “Quando Lampião chega por lá, começa a fazer intriga com o próprio Lúcifer. O filme tem esses dois lados como uma metalinguagem”.
“Por coincidência, eu faço a irmã de Everaldo”, revela Zezita Matos os laços consanguíneos que também correm na vida real com o ator. “Ficamos um mês juntos, bem difícil de acontecer aqui”.
Buscando pelas reminiscências da sua infância, foi respirando a atmosfera circense que despertou na paraibana enveredar pelo mundo da dramaturgia. “O filme é um pouco nostálgico no sentido de mostrar o processo de extinção do circo”, analisa Zezita, lembrando que a equipe visitou alguns circos nos arredores das filmagens. “Eram iguais à história que estávamos contando”.
CLIMA ARMORIAL
“Os casos de amor, pobreza e tragédia nasceram da experiência do encontro com atores profissionais com as pessoas ligadas ao circo”, afirma Rosemberg Cariry. “É uma metáfora da situação em que vivem esses artistas circenses, além do universo mítico, lendário e efetivo que vivi quando criança”.
O elenco de Pobres Diabos conta ainda com Gero Camilo, Chico Diaz, Sílvia Buarque, Verônica Cavalcanti e Georgina Castro. “O cinema de Rosemberg se apóia muito no trabalho do ator, impondo-se na trama como transformador”, qualifica Everaldo Pontes. “Tem um pouco do cinema iraniano e o clima armorial.
As áreas narrativas se misturam muito dentro do filme. É a representação da representação”.
Rodado no município cearense de Aracati, onde fica a famosa Praia de Canoa Quebrada, o longa-metragem está em fase de montagem, com previsão de lançamento para o início de 2014.
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