CULTURA
No jardim do samba
Com formação totalmente feminina, grupo de samba 'Toque de Salto' se apresenta neste sábado (08) na Praça Rio Branco, em JP.
Publicado em 08/03/2014 às 6:00 | Atualizado em 11/07/2023 às 12:27
O samba é a trilha sonora principal deste Dia Internacional da Mulher. A apresentação Flores de Março contarão com os ramalhetes de repertório de duas bandas compostas essencialmente de membros femininos: o Toque de Salto (DF) com a participação especial da banda Absurdus.
O show duplo e aberto ao público acontecerá neste sábado, a partir das 14h, na Praça Rio Branco, Centro de João Pessoa.
Criado há 15 anos, o Toque de Salto é o primeiro grupo de samba que surgiu em Brasília com formação totalmente feminina. “Brasília antes era considerada a ‘Capital do rock’.
Hoje é mais conhecida como a ‘Capital do samba’, com muitos grupos de mulheres”, testemunha a paraibana Silvana Moura, uma das fundadoras da banda que também toca na Absurdus.
É a terceira vez que o Toque de Salto se apresenta na Paraíba.
O show mais recente aconteceu há um ano, em virtude da mesma data comemorativa. Além de Silvana Moura (percussão), a banda conta com outra paraibana, Sandra Borges (violão), e as brasilienses Marise Pinheiro (surdo) e Amanda Costa (pandeiro). “O diferencial do grupo é a qualidade no tratamento do samba, com um cuidado sempre no vocal e no percussivo”, aponta a paraibana.
Apesar da pedra angular no repertório do Flores de Março ser o samba, Silvana Moura revela que haverá duas músicas que não estarão neste ritmo que será uma surpresa para o público presente.
A banda Absurdus, formada por Tânia Gomes (violão e vocal), Socorro Estrela (baixo e vocal) e a Silvana Moura (bateria), apresentará músicas que fizeram parte do antigo repertório e sambas consagrados, a exemplo de ‘Infinito desejo’ (Gonzaguinha), ‘Fato consumado’ (Djavan).
Já o repertório da Toque de Salto apresentará músicas como ‘Mulheres do Brasil’ (Joyce) e ‘Pagú’ (Rita Lee e Zélia Duncan), dentre outras.
De acordo com Silvana Moura, no ápice da homenagem ao Dia Internacional da Mulher, os dois grupos se juntarão no palco para tocarem a clássica ‘Maria, Maria’ (Milton Nascimento e Fernando Brant).
ALTO ESCALÃO
Nesses 15 anos de estrada ditando a percussão e fazendo coro no vocal com o Toque de Salto, Silvana Moura não se lembra de sofrer nenhum preconceito de ser uma instrumentista mulher, algo que não era tão comum décadas atrás, quando as mulheres figuravam mais como intérpretes na cadência do samba.
“Não sei se é pela cidade, mas em Brasília eles repeitam muito”, conta. “O samba é o alto escalão do Planalto Central. Se aqui é o ‘celeiro’ do forró , Brasília pode ser considerada o ‘celeiro’ do samba e do choro”.
Silvana nota que o público jovem também prestigia e curte o samba. “As pessoas não vão a um show só para sambar, mas vão também para apreciar”, explica. “A cada dia o samba conquista mais adeptos desde Dona Ivone Lara, que inspirou muitas intérpretes como Beth Carvalho até hoje, como Teresa Cristina e a Roberta Sá”.
Em 2003, o Toque de Salto foi para lugares como Moçambique e Angola, a convite do Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) para participar do Programa Cultural Brasil/África. A oportunidade serviu para o grupo “beber da fonte da mãe rítmica da música brasileira”.
Recentemente, o grupo brasiliense representou o Brasil através de um convite do Consulado-Geral do Brasil no Uruguai, realizando shows em Rivera e Tacuarembó.
Toque de Salto também mostrou seu samba para eventos parecidos com o deste sábado em João Pessoa, a exemplo da solenidade de posse do colegiado do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, no Palácio do Planalto, em 2003.
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