Noivos realizam sonho e oficializam união em casamento coletivo

Karoline Zilah

Quanto custa realizar o sonho de casar com direito a vestido de noiva, produção de cabelo e maquiagem, bolo, música, cartório, decoração da cerimônia e até noite de núpcias?

No São João de Campina Grande, todos estes desejos saíram de graça para 100 noivos e noivas no casamento coletivo promovido neste domingo (12), Dia dos Namorados, na Pirâmide do Parque do Povo.

As despesas, cerca de R$ 700 para cada casal, foram todas arcadas pela Prefeitura Municipal.

O repórter Maurício Kubrusly apresentou a cerimônia ao vivo direto do Fantástico; assista aqui

Na entrada dos noivos, o clima de romantismo foi conferido pela Filarmônica Epitácio Pessoa, que interpretou a marcha nupcial ao som de clarins e com o acompanhamento de um sanfoneiro.

Apesar de dividirem as atenções, as 100 noivas – estrelas da cerimônia – se sentiram únicas. E fazer com que cada uma delas vivesse um dia de princesa foi o desafio da cabeleireira Jô Monteiro, com sua equipe de dez profissionais que cuidaram dos cabelos e das maquiagens das mulheres.

A cerimônia só começou por volta das 20h30, mas os preparativos do quesito 'beleza' aconteciam desde as 12h.

Envolvida no projeto há oito anos, Jô (foto abaixo) explicou que cada noiva tem 30 minutos dedicados à montagem de penteado e à maquiagem.

“Damos nossas dicas do que fica melhor, mas são elas que decidem como querem o visual. Isso resulta em 100 estilos diferentes, pois tratamos cada noiva como se ela fosse a única estrela da noite”, explica. No fim, o toque de princesa fica por conta das tiaras.

Para a maioria destas mulheres, o casamento civil coletivo significou a oficialização da vida a dois que durava muito tempo, até 37 anos de convivência em um dos casos. Noivos que já compartilhavam um teto, criaram filhos e até netos, mas que não desistiram de trocar as alianças com toda a pompa que merecem. A noiva mais velha, por exemplo, tem 70 anos de idade.

De acordo com Maria Helena Araújo e Alexandre Tann, organizadores do evento, o casamento coletivo já acontece há nove anos no Maior São João do Mundo. Os preparativos duraram três meses. A missão da dupla, segundo eles, é transformar sonhos em realidade.

Sonhos muitas vezes reprimidos pelo tempo e pelas dificuldades vividas pela maioria destes casais: pessoas humildes que passam a viver juntas na informalidade e acabam constituindo suas famílias.

É o exemplo da dona de casa Eliane Araújo, de 25 anos, e o mecânico Josemir Ferreira, de 32. Juntos há nove anos, eles têm quatro filhos. Segundo eles, apesar de terem deixado tanto tempo passar e de já terem vivido tantas experiências juntos, a vontade de trocar as alianças nunca adormeceu. Sobre o fato de partilhar as atenções com outras 99 noivas, ela disse que prefere que seja assim por conta de sua timidez.

O juiz Keops Vasconcelos presidiu a cerimônia pela segunda vez. Para ele, o evento é uma reafirmação dos votos de confiança que os noivos depositam em seus parceiros.

“Quando muitos dizem que o casamento é uma instituição falida, este evento hoje à noite é uma demonstração rara do crédito que os casais ainda dão à vida a dois”, defendeu.

O prefeito Veneziano Vital do Rêgo, anfitrião da festa, lembrou histórias de casais que já vivem juntos. “Alguns casais, até avós, hoje oficializarão suas uniões e formalmente haverão de dizer 'sim'. É essa paixão nascida há muitos anos que traz esses casais a renovarem os votos uns com os outros”, declarou na abertura da cerimônia.

Depois de trocarem as alianças, assim como qualquer recém-casado, os noivos seguiram para a noite de núpcias em dois motéis de Campina Grande, um presente também bancado pela Prefeitura.