CULTURA
Nordeste mon amour
Grupo francês 'Água na Boca' se apresenta nesta quinta-feira (15) em show gratuito na Praça Antenor Navarro.
Publicado em 15/11/2012 às 6:00
No palco, o som do berimbau remete o ouvinte às rodas de capoeira da Bahia e a batida da alfaia ao maracatu tocado nas ladeiras de Olinda. Somada a estes instrumentos, segue uma mistura de saxofone, guitarras, cavaquinho e sanza.
A banda Água na Boca poderia facilmente ser confundida com um grupo fundado em qualquer um dos nove estados nordestinos, mas o som deles vem de longe, especificamente da cidade de Nantes, situada no Vale do Loire, na França.
O trabalho inusitado pode ser conferido gratuitamente hoje, em João Pessoa, a partir das 20h, na Casa de Cultura Cia. da Terra, na Praça Antenor Navarro, bairro do Varadouro.
“A atração pela música nordestina foi imediata porque ela é fascinante. Antes de viajar para o Brasil, já havíamos tido contato com o som de Lenine, quando ele se apresentou na França. O interesse surgiu daí”, conta Nico Chassay vocalista e multi-instrumentista da Água na Boca.
Interagindo com a Água na Boca estarão o paraibano DJ Chico Correa e o percussionista Johann Brehmer. A noite terá ainda a presença dos artistas convidados Beto Brito, Totonho, Jonathas Falcão e as bandas Baluarte e Seu Pereira e Coletivo 041.
Virginie Chapon, Nicolas Chassay, Phillippe André, David Lelièvre, Lionel Arthur e Matthieu le Ferrand formaram a banda em 2007, após uma viagem a Pernambuco, onde decidiram estudar os ritmos nordestinos.
Nessa viagem também conheceram o argentino Ramiro Musotto, produtor musical que se radicou no Brasil e chegou a trabalhar com vários artistas nacionais como Daniela Mercury, Chico César, Zeca Baleiro e Gilberto Gil. Com Musotto, a banda estabeleceu uma parceria criativa, até a sua morte há três anos.
Em 2009, durante o 'Ano da França no Brasil', a banda fez uma miniturnê em Pernambuco e, desde então, as visitas ao país se tornaram mais frequentes. Eles estão em Recife desde outubro e neste mês devem passar pelo Rio Grande do Sul.
As influências nordestinas são muitas, sobretudo da música pernambucana, explica Nico Chassay, mas a definição de um gênero específico não é uma pretensão da banda.
“Trazemos muita coisa do jazz e da música regional como maracatu, frevo, forró e baião. Luiz Gonzaga é uma grande referência para todos nós. Da Paraíba, já ouvimos muito Sivuca e estamos viajando com o DJ Chico Correa, que conhecemos no Festival Saint-Nazaire na França. Seria impossível listar todos os artistas que nos influenciam”, revela.
Água na Boca faz música regional à maneira brasileira, com letras em português. “Aprendemos o idioma de modo informal. O nome da banda foi escolhido com a intenção literal de fazer salivar quem nos escuta”, relata o vocalista e multi-instrumentista.
Chassay explica que a expressão 'água na boca' possui uma equivalente em francês, 'eau à la bouche', que tem o mesmo sentido que o usado por aqui: despertar o interesse.
A apresentação dos franceses tem realização do coletivo Sanhauá e Cia. da Terra e tem apoio da escola de idiomas Yázigi João Pessoa.
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