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CULTURA

Novo olhar sobre Zabé

Sob o Céu de Zabé: Série televisiva Visceral Brasil - As Veias Abertas da Música vai até Monteiro e grava episódio com Zabé da Loca.

Publicado em 06/06/2013 às 6:00 | Atualizado em 14/04/2023 às 12:11


“O que percebo como ‘estrangeira’ é que o tempo para as pessoas aqui é outro”, analisa a carioca Márcia Paraíso, diretora da série televisiva Visceral Brasil - As Veias Abertas da Música, cujo segundo episódio é dedicado à paraibana Zabé da Loca. “O ritmo é bastante diferente, com os dias passando lentamente e as pessoas esperando a chuva”.

Acompanhando esse ritmo, a equipe de produção se encontra na região de Monteiro, onde fica o Assentamento Santa Catarina, local em que vive a personagem há uma década. As filmagens de Sob o Céu de Zabé começam hoje e vão até o dia 11.

“O que fez essa pessoa ser musical?” é o mote indagado pela diretora para o Visceral Brasil, que começou na Bahia com o documentário sobre o repentista e cantador baiano Antônio Ribeiro da Conceição, o Bule Bule. “Como um pessoa como Zabé – sem nenhuma formação musical – pega um pífano e toca tão bem, recebendo a Ordem do Mérito Cultural do Ministério da Cultura?”
Além de submeter os registros ao tempo de cada personagem, Márcia Paraíso atenta que cada episódio também tem uma narrativa e formatação bem diferente um do outro, apesar de ter a mesma equipe envolvida no processo. “Cada programa tem a ‘cara’ do artista retratado”, explica. “No caso de Zabé, a relação com a sua terra é muito forte. Então nós vamos procurar trazer os personagens em torno dela que estão no assentamento”.

De acordo com a realizadora, outras características peculiares são as questões estética e técnica de cada episódio. A fotografia no Sertão do Cariri paraibano, por exemplo, tem outra luz, outro céu, além da secura das paisagens, onde o mandacaru é focado em flor.

No começo da semana, a pré-produção de Sob o Céu de Zabé começou com o roteiro sendo traçado na casa da protagonista, junto com a diretora e Carla Joner, a curadora do projeto. “Cada personagem da série é uma figura ímpar”, descreve Paraíso. “Zabé é um desafio: ela escuta o que quer e fala quando quer. É uma figura incrível musicalmente e tem uma rica história como pessoa”.

SÃO JOÃO
Além das gravações no Assentamento Santa Catarina, também se enquadrará como cenário do documentário a loca em que Zabé viveu por 25 anos, no Sítio Tungão, a 19 km de Monteiro. A equipe vai registrar um encontro entre a personagem e os músicos e poetas da região.

“No sábado, vamos fazer um São João no assentamento”, planeja Márcia Paraíso.

Os documentários sobre as raízes e a diversidade da música brasileira têm estreia prevista para o primeiro semestre de 2014 na TV Brasil.

A produção do Visceral Brasil percorrerá este ano pelo Pará, Minas Gerais, Pernambuco, Rio Grande do Sul e Rondônia. A próxima parada depois da Bahia e Paraíba é o Maranhão, onde será acompanhado o tempo do Mestre Humberto de Maracanã.
Segundo Paraíso, existe a ideia de transformar a série de 13 episódios com 26 minutos de duração cada em um longa-metragem para estrear nos cinemas brasileiros.

Imagem

Jornal da Paraíba

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