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CULTURA

O adeus a Dôra Limeira: sepultamento será nesta quarta

Internada na UTI desde o último domingo (2), escritora e contista Dôra Limeira, morreu nesta terça-feira (4) em João Pessoa.

Publicado em 05/08/2015 às 6:00

“Lentamente, meu olhar vem mais pra perto de mim, mais perto, até que chega em mim, me recomponho, e percebo silêncio na casa”. O fragmento do conto Relação Amarga traduz a riqueza da literatura da paraibana Dôra Limeira, que morreu ontem, em João Pessoa, aos 77 anos. Internada na UTI desde o último domingo, uma das fundadoras do Clube do Conto da Paraíba veio a óbito decorrente de complicações envolvendo diabetes e hipertensão, de acordo com familiares. O sepultamento será na manhã desta quarta-feira, no Cemitério Parque das Acácias, na capital paraibana.

O “silêncio na casa” da literatura é cheio de reverência e pesar no círculo de amigos e companheiros de escrita. “Deixa um vazio grande na nossa literatura, ela uma referência neste milênio também na cultura local e nacional em que imprimiu sua marca com presença efetiva nas redes sociais em que conquistou muitos admiradores”, afirmou o escritor Antônio Mariano, que cultivou a amizade da sua ex-sogra e avó do seu filho por 20 anos. “Ficamos menores sem sua presença barulhenta e sua alegria contagiante”.

Nascida em João Pessoa, Maria das Dores Limeira Ferreira dos Santos se dedicou a lançar livros de contos após os 60 anos, quando se aposentou como professora do Departamento de História da UFPB.

Seu livro de estreia foi a coletânea Arquitetura de um Abandono (2003), seguido por Orgasmos dos Desvalidos (2005), O Beijo de Deus (2007 – reeditado no formato digital pela coleção Latitudes) e Os Gemidos da Rua (2009) – todos inspirados por reuniões do Clube do Conto. Dôra Limeira ainda lançou Cancioneiro dos Loucos (2013) e O Afetuoso Livro das Cartas, sua última coletânea, publicada em abril deste ano.

“Personagem calado não existe. Na minha literatura, todos os personagens têm voz: do gay à menina gorda”, afirmou Dôra ao JORNAL DA PARAÍBA, por ocasião do lançamento de Cancioneiro dos Loucos.
“Dôra foi a primeira pessoa que conheci do Clube do Conto”, relembrou Roberto Menezes. “No tempo do Orkut, ela me convidou, eu pensei, ‘Ah, esse Clube do Conto deve ser um chá das cinco. Escritoras da maior idade escrevendo contos bestas’. O besta era eu. Os contos de Dôra sempre foram poderosos. Assim como eu, uma mulher com uma história enorme. Ela sempre me deu conselhos quando precisei, era uma mãe na literatura pra mim. Daquelas mulheres apaixonantes”.

Dôra deixa cinco filhos, dez netos e quatro bisnetos. Dentre as filhas estão a arte-educadora Déa e a escritora Nara; dos netos, os músicos Chico, Regina e Gustavo (os três, integrantes da banda A Troça Harmônica). O secretário de Esportes do Estado, Tibério Limeira, também é neto da contista.

Em João Pessoa, foram adiadas as últimas apresentações do espetáculo Cancioneiro dos Loucos, baseado na obra homônima da paraibana, com coordenação da filha Nara e da atriz e diretora Ana Valentim. “É um dos livros mais densos de Dôra. Traz as mazelas humanas em cada conto”, analisou Valentim.

“Dôra fugiu”, foi a mensagem eufêmica com que Nara informou a Antônio Mariano sobre a morte da mãe. “É assim que prefiro lembrá-la, como a menina traquina que nunca deixou de ser. Fugindo, se escondendo, para depois reaparecer lindamente em nossas lembranças”.

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Jornal da Paraíba

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