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CULTURA

O cotidiano como arte

JORNAL DA PARAÍBA homenageia o escritor e jornalista Gonzaga Rodrigues que celebra seus 80 anos de vida nesta quinta-feira (20).

Publicado em 20/06/2013 às 6:00 | Atualizado em 14/04/2023 às 13:48

“Sempre fui uma pessoa de literatura. Sempre tive um grande sonho literário de ser um romancista”, relembra o jornalista Gonzaga Rodrigues, que celebra seus 80 anos de vida amanhã.

Na infância, em Alagoa Nova, Brejo paraibano, Gonzaga era um menino bastante solitário. Por ser assim, o filho único tinha dois caminhos para escolher: ou permanecia alienado ou encontrava refúgio nas páginas dos livros.

Sua mãe, Antonina Freire, o abastecia de livros religiosos, já que a família desejava que ele seguisse o sacerdócio. Mais tarde, o garoto descobriu a gramática e as antologias.

“Nas antologias tinha um tal de Olavo Bilac que falava de mar enquanto eu morava em um sítio. A ideia que tinha de mar era uma e ele me deu outra no seu soneto”.

Em Campina Grande, o garoto brejeiro tinha aversão a exatidão da Matemática e embevecia com a leitura de grandes escritores e poetas. Quando veio à João Pessoa para se dedicar ao jornalismo e com o sonho de ser poeta, Gonzaga encontrou na crônica a aproximação matrimonial da profissão com a vocação literária.

“Nunca fui um bom repórter ou um articulista político, mas sempre fui um bom redator”.

O ofício de cronista foi iniciado nos anos 1970, resultando em coletâneas como Notas do Meu Lugar (Acauã). “A crônica entra o pessoal e o subjetivo”, analisa. ”O que não tem conteúdo para ser uma notícia, mas que tocam profundamente a pessoa, resta pra o cronista”.

Segundo Gonzaga Rodrigues, para ser um bom cronista tem que ter – acima de tudo – sensibilidade. “Não existe cronista sem sentir emoções”.

Dentre os reconhecimentos de sua escrita, em agosto de 1993, a Academia Paraibana de Letras (APL) o sagrou imortal, ocupando a cadeira de Allyrio Wanderley.

ARTISTAS DO DIA-A-DIA
O cronista capixaba Rubem Fonseca (1913-1990) figura no topo da lista dos preferidos de Gonzaga. “Não tem ninguém mais emocionante e emocionado do que ele”.

Outro cronista apreciado pelo paraibano era o mineiro Drummond (1902-1987), “com uma palavra matemática, objetiva e cheia de sentimentos”.

Gonzaga Rodrigues também vê na obra do maranhense Humberto de Campos (1886-1934) uma enorme força na leitura do povo brasileiro da época. “Era muito sentimental, a moda do seu tempo”.

Gonzaga, Símbolo da Cidade

Por Wills Leal*

Conterrâneo-irmão de nascimento (durante muitos anos, moramos em casas vizinhas, em Alagoa Nova), vivenciamos os mesmos sentimentos juvenis, os mesmos desejos e sonhos. Residindo em João Pessoa a partir de 1951, continuamos trilhando o mesmo destino, atuando no jornalismo e em diversas segmentos culturais, culminando com nossa chegada à imortalidade acadêmica.
A primeira bem nítida lembrança que guardo de Gonzaga é a de um elegante jovem, estudante de famoso colégio Pio XI, em Campina Grande, e que já se tornara personagem de destaque na nossa pequena cidade de nascimento, como poeta e declamador.

O que o mais o distinguia, o tornava alvo de inveja dos seus companheiros, era sua fama de conquistador. De fato, era muito admirado por todos, pois se vestia como alguém de outras paragens, bem diferente da matutada de Alagoa Nova.
Nos fins de semana, quando voltava para o convívio de sua cidade, sempre se destacava ao exibir as novidades da moda, como o sapato da marca Fox, de bico fino, a camisa de linho, calças com vincos impecáveis e os bons perfumes franceses, além de deixar de saborear a tradicional caninha, agora substituída pelo conhaque e o vinho.

Super simpático, bom de papo e com muito dinheiro no bolso, dominava as rodas de conversas na praça ou nas noitadas dançantes do clube 21 de Abril.
A segunda observação é relativa à satisfação que sempre me dominou, quando já morávamos aqui em João Pessoa, ao seguir os seus mesmos passos: atuar no jornalismo, em diversos campos da cultura, e defender as mesmas ações político-ideológicas.

A terceira percepção nos permite constatar que, com o tempo, ele tornou-se o mais brilhante, sutil, lúcido e um autêntico interprete do povo e das coisas de nossa quatrocentona João Pessoa.

Hoje, Luiz Gonzaga Rodrigues é um dos mais respeitáveis intelectuais paraibanos e um nome que glorifica nossas tradições mais sagradas e cultuadas. Com seus 80 anos, continua uno, justo, criativo, simples, pairando em cima de todos nós como uma autentica estrela-guia. Tornou-se, de fato, com os seus exemplos, um homem-símbolo da cidade de João Pessoa.

Vejo-o, finalmente, como um monumento vivo que deve ser tombado, já que se transformou num verdadeiro bem imaterial, talvez o mais rico e multifacetado da atual cultura paraibana. Urge ser preservá-lo permanentemente para servir de um exemplo para as futuras gerações.


* Jornalista, historiador, presidente da Academia Paraibana de Cinema

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Jornal da Paraíba

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