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CULTURA

O 'Django' de Tarantino

Diretor afirma que sempre teve vontade de fazer um filme faroeste. 'Django Livre' estreia nos cinemas brasileiros em janeiro de 2013.

Publicado em 30/12/2012 às 8:00

Quentin Tarantino está sentado em sua cadeira no meio da estrada de pedregulhos do interior da Louisiana que serve de entrada para Candyland, apelido da fazenda de Calvin Candie, o vilão de Django Livre vivido por Leonardo DiCaprio. De chapéu e protetor solar, Tarantino, 49, parece uma criança com um brinquedo novo. Dirige com entusiasmo, fala rápido, cita referências e nem liga quando uma aranha cai em seu ombro. No susto, afasto o aracnídeo do diretor com um tapa. "Está tudo bem. Você está se divertindo?", brinca ele. (Da Folhapress)


FOLHAPRESS - Seus filmes flertam com elementos de faroeste. Era um sonho fazer um western tradicional?
QUENTIN TARANTINO - Sempre quis fazer um faroeste. Gosto da ideia de tentar diferentes gêneros. Já meti meu nariz em filmes de guerra, de gângsteres e de artes marciais. Meus longas sempre tiveram elementos do faroeste de forma disfarçada. É bom fazer um longa do gênero de verdade, mas estou bagunçando tudo.

FP - Django Livre se diferencia de seus filmes por ser um épico com muitas tomadas fora do estúdio?
QT - Sim, mas essas lindas cenas com o pôr do sol, montanhas ao fundo e cavalos correndo na grama podem ser uma armadilha. No fim dos anos 1970 e início dos 1980, os faroestes se perderam nessa beleza poética e se esqueceram de trabalhar a história. É por isso que as novas gerações acham que westerns são chatos. Django Livre é diferente. Temos muita merda para falar e pessoas para matar (risos).

FP - Você gosta de algum faroeste mais recente?
QT - Eu gosto de O Assassinato de Jesse James (de Andrew Dominik) e de Bravura Indômita (dos irmãos Coen). Mas, dos anos 1980, amo Annie e os Bandidos, de Lamont Johnson.

FP - Batizar o escravo caubói de Django é uma forma de homenagear o longa Django, de 1966. Por quê?
QT - É uma forma de tirar meu chapéu para Sergio Corbucci (diretor de Django). Django é o nome mais cool que existe. Há mais de 40 filmes picaretas baseados no personagem, que acabou virando o arquétipo do western spaghetti. E tenho orgulho de fazer parte dessa grande tradição de imitações baratas de Django (risos).

FP - Franco Nero, ator do Django original, atua em Django Livre. Como planejou isso?
QT - Seria apenas uma participação, mas acabou crescendo e virando um papel. Ele interpreta um italiano, dono de um "mandingo" (um escravo, neste caso, usado para lutas violentas, homenagem ao longa Mandigo - O Fruto da Vingança, de 1975), que é amigo de Candie. Os dois Djangos aparecem juntos.
FP - Não ficou relutante com o tema da escravidão?
QT - Não tive nenhuma hesitação. Eu sei que algumas pessoas falarão sobre o tema do filme, mas isso não é nada. Ninguém tem o poder de parar o que eu estou fazendo.

FP - Seu produtor, Harvey Weinstein, é considerado um dos mais temidos de Hollywood. Mas você parece ter toda a liberdade criativa...?
QT - Harvey é meu pai cinematográfico. Eu não estaria aqui se não fosse por ele. Minha filmografia seria diferente. Eu não teria sido capaz de seguir minha musa sem o apoio dele. Agora, eu dirijo um longa violento e com um tema difícil, e os estúdios disputam a sua compra.

FP - Isso quer dizer que você está no momento ideal da carreira?
QT - Eu estou no meu auge artístico. Trabalhei para alcançar esse nível de habilidade e ambição. Django Livre é meu monte Everest.

FP - E a sequência de Kill Bill, não vai mais acontecer?
QT - Não por um bom tempo. É sobre a filha da personagem de Vivica Fox, que foi morta pela Noiva (Uma Thurman). A menina busca vingança. Mas ela precisaria ter 18 anos, então temos tempo.

FP - Você não filma em digital?
QT - Eu chamo de vídeos esses filmes rodados em digital. Não são filmes de verdade. Apenas cineastas preguiçosos gostam desse lance digital. Lembro que falei para um chefe de estúdio: "Você gastou US$ 120 milhões em um vídeo. Não se sente enganado?". Ele me respondeu: "Um pouco". (risos)

FP - DiCaprio era sua escolha inicial para Calvin Candie?
QT - Eu tinha em mente alguém mais velho para o papel. Mas ele leu o roteiro e quis me encontrar. Foi quando comecei a pensar que Calvin poderia ser mais jovem, parte de uma longa linhagem de donos de plantações de algodão. Naquela época, quem tinha muita terra e centenas de escravos podia ser um rei, um imperador louco. Calvin está tão entediado que investe em lutas de escravos.

FP - Ainda há outros gêneros que você tem interesse de fazer?
QT - Talvez um filme de terror de verdade com monstros. A lista está acabando.

FP - Isso significa que a aposentadoria está perto?
QT - Talvez. Não quero ser um diretor velho na ativa, me aposento nos próximos 20 anos.

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Jornal da Paraíba

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