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CULTURA

O evangelho da invenção: vida e obra de um inventor que não tinha limites

Documentário sobre um inquieto inventor pernambucano, 'O Gigantesco Ímã' está em cartaz no Cine Bangüê, em João Pessoa

Publicado em 02/04/2016 às 7:00

A partir de um motor de nebulizador, uma câmera de 35mm é criada, assim como uma carteira de cigarro que dispara como uma arma.

Essas e muitas outras ideias são inventadas, desmontadas e reinventadas pelo inquieto Evangelista Ignácio de Oliveira, nascido em 1929 e natural de Serra Talhada (PE), personagem de O Gigantesco Ímã (Brasil, 2015), documentário que estreia em João Pessoa.

O longa-metragem será lançado neste sábado, às 18h, no Cine Bangüê do Espaço Cultural José Lins do Rego. As próximas sessões acontecem nos dias 6 (às 17h30) e 9 (às 18h).

“Uma invenção nunca é sempre igual a outra”, explica o carioca Tiago Scorza, que assina a direção com o pernambucano com Petrônio Lorena. “Ele cria um objeto, depois o desmonta para criar um novo, sempre querendo aperfeiçoar os projetos”, explica.

O cineasta também afirma que O Gigantesco Ímã não é um documentário tradicional na sua estrutura, inserindo animação e trabalhando com a trilha sonora a favor do filme. “Buscamos reproduzir na linguagem a inventividade do Evangelista, como se o filme fosse um pouco do personagem”.

O longa é fruto de um curta lançado em 2005 pelos diretores, O Som da Luz do Trovão. Segundo Scorza, o companheiro de direção Petrônio Lorena cresceu em Pernambuco ouvindo as histórias sobre as invenções de 'Vanja', apelido do protagonista. “Como Evangelista tem muitas ideias e inventos que não param, achamos que isso dava um longa-metragem”, relembra Tiago. “O curta serviu como uma pesquisa inicial e também como uma pesquisa de linguagem”, analisa.

Com a nova produção, os documentaristas acompanharam também seus novos inventos, como transformar um carro velho, adaptando-o com um motor elétrico.

Dentre outras invenções mostradas no filme, há as armas de fogo que se moldam nos mais variado objetos, desde carteira de cigarro, passando por martelo, até bengala. “As armas são uma questão de afirmação. que hoje em dia ele rejeita”. afirma. “Serra Talhada, como terra do Lampião, existe uma cultura armamentista”.

Mesmo nunca frequentando uma escola na vida, Evangelista já debateu com acadêmicos e suas ideias são o ímã do título para atrair os inventores informais da região. “O que mais me surpreende é a questão que ele nunca para, é constantemente instigado para buscar algo novo e não está satisfeito com o que está estabelecido. Ele fala e faz”, conta Tiago Scorza.

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Jornal da Paraíba

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