O Homem Bicentenário

Comemorando 200 anos de seu nascimento nesta terça-feira, Charles Dickens (1812-1870) é considerado a "primeira celebridade global", de acordo com a biografia feita pelo britânico Peter Ackroyd. Segundo o autor, na Era Vitoriana o romancista foi muito popular no seu país de origem – a Inglaterra – e também nos Estados Unidos, chegando a atrair multidões com a sua presença, como um verdadeiro pop star da atualidade.

"A ficção inglesa foi a grande introdutora do realismo na literatura ocidental. O grande romance realista inglês do século 18, com uma forte penetração na realidade do seu tempo, revolucionou a literatura universal. Charles Dickens, que produziu no século 19, bebeu nessa fonte", explica o escritor paraibano Rinaldo de Fernandes.

De acordo com Fernandes, tal realismo marca a sua escrita, denunciando degradações e injustiças sociais da época em livros como Oliver Twist (1837-1839) e Nicholas Nickleby (1838-1839). "Dickens teve uma vida sofrida, chegou a ser arrimo de família, e foi colhendo da sua própria experiência o material para os seus livros."

Essa também é a tese de Peter Ackroyd, que considera grande parte da "energia criativa" de Dickens colhida nessa infância, forjando a sua visão particular do mundo.

Os temas mais recorrentes nas páginas do autor de Um Conto de Natal correspondem a uma vontade de reformar a sociedade à qual pertencia. Os cenários de seus livros são degradantes locais de trabalho e asilos para órfãos que mais se parecem com locais de tortura.

"A sua importância reside em ser um testemunho das mazelas da sociedade burguesa. Mazelas ainda bastante visíveis hoje, bastando apenas olhar em nossa volta", observa Rinaldo.