CULTURA
O homem da capa preta
Cantor e compositor paraibano Júnior Cordeiro grava seu primeiro DVD, com o show Capa Preta no Teatro Municipal Severino Cabral.
Publicado em 14/03/2014 às 6:00 | Atualizado em 18/07/2023 às 14:32
Foram grimórios, textos medievais que abordam feitiçarias e rituais muito antigos que despertaram no cantor e compositor paraibano Júnior Cordeiro, ainda na adolescência, seu interesse por ocultismo e manifestações místicas, sobretudo através do famoso Livro de São Cipriano – o “livro da capa preta”.
“Sou místico por natureza”, comenta o músico, formado em História pela UEPB. “Adoro tudo que remeta ao transcendente, ao sobrenatural. Sou vidrado em catolicismo rústico e sertanejo, que é a manifestação mais mística que eu conheço no meio popular”.
Esses ingredientes acabaram por se misturar em Capa Preta, o discaço que ele lançou no ano passado com 17 faixas autorais e que hoje ganha sua versão audiovisual, quando ele grava seu primeiro DVD, com o show Capa Preta no Teatro Municipal Severino Cabral, em Campina Grande, a partir das 20h.
Banhado na música regional e no rock pesado – um cruzamento entre Alceu Valença, Ave Sangria e Black Sabbath -, Capa Preta é um disco temático que aborda esse universo místico, como as canções ‘Morada aberta (o exorcismo)’, que contém trechos do Ritual Romano do Exorcismo, escrito durante o papado de Paulo V (1605-1621), ‘Cipriano, o FeitiSanto’ e ‘Malleus Maleficarum’, título extraído do Manual de Caça às Bruxas, publicada por monges beneditinos em 1487.
“Capa Preta é sim um disco temático, e muito temático, ‘tematiquíssimo’”, responde. “Meu segundo disco (O Lago Misterioso, de 2011) também é temático. Só gosto de discos temáticos. Compreendo o disco como um livro, com introdução, desenvolvimento e conclusão. Não gosto de obras com canções aleatórias”.
O repertório do show será um amálgama da produção mística do cantor nascido em São João do Cariri (hoje radicado em Campina Grande), com músicas de Capa Preta, O Lago Misterioso e seu disco de estreia, Carracais, de 2006.
Mesmo mexendo com temas assim, Junior diz não temer que o disco se torne maldito. “Quero mesmo é que o meu disco se torne uma referência no tema, por ter abordado abertamente e feito claramente citações sobre magias populares bem difundidas, que muita gente faz, mas tem medo de declarar”, comenta.
“Não me importo que o disco fique estereotipado, quero é isso mesmo!”, garante Júnior. “Gosto de discos temáticos que mexam com a imaginação das pessoas. Se isso não acontecer, ficarei muito insatisfeito com a minha obra”.
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