icon search
icon search
home icon Home > cultura
compartilhar no whatsapp compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin copiar link deste artigo
Compartilhe o artigo
compartilhar no whatsapp compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin copiar link deste artigo
compartilhar artigo

CULTURA

O pornô que as mães adoram

Cinquenta Tons de Cinza (Intrínseca), livro está na lista dos mais vendidos da Amazon britânica.

Publicado em 12/08/2012 às 8:00


O tórrido romance entre uma universitária virgem – mas não casta – e um jovem galã multimilionário, com um completo “playground” para diversões sadomasoquistas. Este é o mote da nova sensação da literatura internacional, Cinquenta Tons de Cinza (Intrínseca), livro que tem vendido mais do que preservativo no carnaval e chegou a bater o popular Harry Potter na lista dos mais vendidos da Amazon britânica, transformando a autora, a estreante E.L. James, na sensação do momento.

O que o mundo inteiro se pergunta é: o que há em Cinquenta Tons para fazê-lo ser devorado nos quatro cantos do mundo com tamanha sofreguidão? Afinal, ao contrário da ingênua literatura do bruxinho Potter, aqui se tem um livro erótico, mas um livro erótico de sexo explícito - tachado de “mommy porn” (“pornô para mamães”).

O termo talvez seja inspirado na própria autora, que não parece ser do tipo que veste roupas de couro, usa máscaras de látex e impõe um chicote malvado. Longe disso, a sorridente figura que estampa a contracapa do livro tem pouco mais de 40 anos, e até um dia desses trabalhava na produção de um canal de TV. É casada e mãe de dois filhos adolescentes, de 15 e 17 anos, que, claro, não leram o livro da mommy!

Em apenas cinco dias, esta jovem senhora devorou todos os quatro livros da Saga Crepúsculo e isso despertou a escritora adormecida que havia nela.Passou a frequentar sites e blogs de “fan fiction” e a escrever textos inspirados no universo de vampiros, de lobisomens e, sobretudo, de romance, o romance entre a singela humana Bella e o misterioso vampiro Edward, cuja natureza, de largada, já é antagônica.

Cinquenta Tons de Cinza tem muito do clima juvenil de Crepúsculo, mas não é nada inocente. Anastasia Steele é uma estudante universitária que, ao fazer um favor para sua colega de quarto, conhece o “rico, poderoso, excepcionalmente atraente e maníaco por controle”, Christian Grey. Ela personifica a garota sonhadora e idealista, estabanada, mas nem um pouco boba.

Ele, o príncipe encantado, enigmático, seguro e autoritário, mas com uma certa gentileza em seus modos. Ambos são igualmente antagônicos.

A literatura de E. L. James é simplória e recheada de clichês. O leitor – ou leitora – não encontrará nada surpreendente em seu texto, a não ser descrições apimentadas em detalhes que farão certas mães corarem. Mas a narrativa tem ginga. James cria a fantasia do ponto de vista feminino, entregando o jogo sem pressa.

O crescendo vai de cenas de amor convencional até sessões pesadas de sadomasoquismo e suas variantes, uma relação de disciplina, dominação e submissão que tem levado a autora se justificar bastante. “As mulheres não querem e não devem ser submissas. Mas estamos falando aqui do que acontece no quarto, a portas fechadas (...)Fico ofendida quando alguém diz que eu estou contribuindo para o retrocesso da condição feminina. Bobagem! O que Cinquenta Tons fez, na verdade, foi encorajar as mulheres a voltar a falar sobre sexo (...) Isso não é retrocesso. É avanço”, declarou recentemente à Veja.

James cria um universo de fantasia que agradará em cheio às leitoras de Julia, Sabrina e similares. No enredo, tudo é muito superlativo. Ana é muito linda, muito apaixonada, muito deslumbrada, mas também muito envolvente. Grey é mais que o genro que mamãe pediu à Deus: é lindo, cheiroso, tem o corpo torneado e dinheiro de sobra. Pilota helicóptero e gosta de música clássica tanto quanto gosta de rock. E ainda toca piano.

Como se não bastasse, cozinha e tira os pratos da mesa.

Os homens – que se quiserem ir direito ao que interessa, devem pular para o capítulo 8 – poderão ver em Cinquenta Tons a Emanuelle da literatura feminina. Tudo é muito fantasioso, asseado e mágico, com a desvantagem de não contar com a prosa sempre bem escrita, para não dizer surpreendente, de um João Ubaldo Ribeiro, Anaïs Nin e Catherine Millet, que enveredaram pela literatura erótica em que sexo respinga no teto e escorre pelas paredes.

Mas uma coisa é fato: Cinquenta Tons de Cinza reacendeu o nicho erótico, que agora encontra nas mulheres, namoradas, mamães e até vovós, um público consumidor bastante ativo.

Imagem

Jornal da Paraíba

Tags

Comentários

Leia Também

  • compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp
    compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp
  • compartilhar no whatsapp