CULTURA
O que a cultura da Paraíba pode esperar do novo secretário Lau Siqueira
Representantes da classe artística revelam suas expectativas em torno da futura gestão do poeta na Secretaria de Cultura.
Publicado em 31/12/2014 às 8:06 | Atualizado em 01/03/2024 às 16:57
Sai Chico César, entra Lau Siqueira. O governador Ricardo Coutinho anunciou o nome do atual presidente da Fundação Espaço Cultural da Paraíba (Funesc) como próximo ocupante do gabinete da secretaria de Cultura. Radicado na Paraíba há mais de 20 anos, o poeta gaúcho foi uma escolha que contou com o respaldo da classe artística e provocou expectativas em torno da nova gestão.
Mas, o que os vários segmentos da cultura realmente esperam de Lau Siqueira à frente da pasta? O JORNAL DA PARAÍBA entrevistou artistas e militantes culturais para chegar às respostas.
ARTES VISUAIS
Área mais carente de recursos no atual panorama cultural do Estado, segundo o artista plástico, pesquisador e curador Dyógenes Chaves, as artes visuais sofrem com a falta de equanimidade na distribuição dos fomentos. "A divisão dos recursos para cada área deve ser, senão equitativa, pelo menos proporcional", defende Dyógenes, que ressalta o desempenho de Chico César dentro do seu metiê (a música), mas critica o papel fora dele. "Não houve um só salão de arte ou competição, que ainda têm um caráter importante na revelação de novos artistas. Além disso, ainda temos poucas atividades de formação e não avançamos na criação de um museu de arte contemporânea."
LITERATURA E CORDEL
Falando em metiê, os colegas de ofício de Lau Siqueira torcem por uma continuidade e reforço do trabalho realizado na Funesc. "Apesar dos editais que publicaram muitos autores, a literatura não teve a força operacional e organizacional de outros setores", reflete o escritor Roberto Menezes, evocando também o exemplo da música: "Veja a divulgação bem feita do projeto Music From Paraíba, é um modelo para se fazer na literatura, além do fomento a feiras literárias, como a FLIBO, apoio a saraus, acolhimento de grupos literários e a interação com outros setores artísticos."
O poeta Beto Brito lembra que em 2015 serão comemorados os 150 anos de Leandro Gomes de Barros (1885-1918), e torce para que a data atraia a atenção do gestor: "O cordel é uma forma de cultura genuinamente paraibana e, embora Lau seja um poeta tradicional, tenho certeza que ele sabe do seu valor."
MÚSICA
A música vai bem das pernas, mas o cantor e compositor Jonathas Falcão acredita que ainda há como melhorar com o constante mapeamento das expressões que estão surgindo: "Sensibilidade para fazer uma radiografia dos artistas e colocá-los em evidência", resume em anseios o vocalista do Seu Pereira e Coletivo 401.
TEATRO E DANÇA
A sensibilidade se agrega a outra qualidade requisitada pela diretora e coreógrafa da Paralelo Cia. de Dança, Joyce Barbosa: "Eu espero que ele continue demonstrando vontade e disponibilidade de conversar com os artistas". Aptidões que precisam ser colocadas, segundo o ator Nanego Lira, em prol de "projetos de formação e de circulação dos produtos culturais."
AUDIOVISUAL
No cinema, o cineasta Ely Marques pede a palavra: "Falta profissionalismo, competência, organização e sensibilidade dos poderes públicos para criar um ambiente favorável para o desenvolvimento do segmento audiovisual paraibano. Pois o potencial represado, da vocação que o nosso Estado tem para o audiovisual é algo ainda imensamente desconhecido."
EDUCAÇÃO NA FUNESC
Na nova configuração do governo, a arte-educadora Márcia Lucena, atual secretária de Educação, vai substituir Lau Siqueira na presidência da Funesc.
A gestora pretende levar a experiência dos anos dedicados à educação para a cultura. "São dois bens indissociavéis", ela considera. "A experiência que tive em uma secretaria tão capilar quanto a de Educação vai me ajudar a tornar os equipamentos da Funesc, não apenas o Espaço Cultural, mais ocupados e vivos." A retomada do Festival Nacional de Artes (Fenart) é ainda uma incógnita.
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