CULTURA
Obra do 'Rei do Ritmo' é revisitada em livro
"A Musicalidade de Jackson do Pandeiro" é o título do livro de Inaldo Soares de Araújo, que será lançado neste dia 19 em Alagoa Grande.
Publicado em 11/11/2011 às 6:30
Foi aos 10 anos que o menino Inaldo Soares de Araújo escutou um “Tirurururiruri bop-be-bop-be-bop” pela primeira vez. É o tipo de coisa que realmente não esquece. A mistura de chiclete com banana e sua grande confusão cantada com fervor, animação e a forma única de Jackson do Pandeiro fascinou o menino. Era década de 1960 e as canções do músico paraibano tocavam no antigo programa de rádio Forró de Zé Lagoa, conduzido por Rosil Cavalcanti, uma espécie de 'novela das oito' na época.
Vinte anos depois o interesse pueril já havia amadurecido, e, com 13 LPs de Jackson, Inaldo já era considerado por amigos como um colecionador.
Ele aproveitou o relançamento dos discos dos anos 1950 para investir na pesquisa sobre a obra do artista. O resultado de três décadas de interesse é apresentado em A musicalidade de Jackson do Pandeiro (IGP, 244 páginas, R$ 39,90).
A obra vai ser lançada no Museu Jackson do Pandeiro, em Alagoa Grande, cidade natal do músico, no dia 19 de novembro.
Em Campina Grande, terra do autor, haverá lançamento no dia 13 de dezembro, no Museu Luiz Gonzaga. Por enquanto, ele só está disponível no Recife e também no site Mercado Livre.
O autor não gosta de comparações e foge de qualquer rótulo que o encaixe como biógrafo “a vida dele já está muito bem escrita”, diz. O livro faz um resgate biográfico rápido, para situar o leitor menos íntimo. Mas o diferencial deste trabalho é uma profunda pesquisa em relação à discografia. Foram catalogados 175 álbuns em 78 RPM, compactos e LPs. Ao todo são 433 músicas, algumas identificadas a partir de revistas especializadas da época como fazendo parte de discos, que nem chegaram a ser gravados. Entre elas, a marcha carnavalesca 'Mulher careca'.
O livro traz também fotos inéditas, principais compositores e cópias dos encartes originais dos vinis. Inaldo destaca que “pouca gente sabe, mas Jackson gravou até músicas infantis.
Têm trabalhos para trombone e saxofone.”
As fontes de pesquisa de Inaldo, em sua maioria, foram outros colecionadores, espalhados por todo país em cidades como Fortaleza, Natal, Campina Grande, João Pessoa, Recife, além de Brasília e São Paulo. Aos poucos, o que era uma visita despretensiosa, foi sendo estimulada a se tornar livro. Os registros foram se profissionalizando com o tempo e Inaldo aprendeu a remasterizar os discos. Hoje tem toda a obra de Jackson digitalizada.
Não bastasse a autenticidade criativa, o músico expandia isso para as parcerias. Segundo relato que o autor colheu durante entrevista com a primeira esposa do cantor, Almira Castilho, “Pixinguinha fazia arranjos para ele, mas depois Jackson mudava tudo.”
Adulto, o autor paraibano descobriu qual era o motivo do fascínio da infância. “Essa coisa dele ser um 'sanfoneiro de boca', é pura verdade. O 'Rei do Ritmo' fazia a coisa de um jeito que ninguém mais faz. E fazia por intuição. Hoje o pessoal estuda música, mas não alcança o trabalho dele”, analisa.
Uma batucada brasileira.
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