Obra-prima silenciosa

Um pai de família descontente com as condições de vida no seu país é obrigado a se expatriar para outro continente, uma verdadeira 'terra de oportunidades'.

O tema parece o velho clichê dos imigrantes deixando sua família para trás, singrando o mar na esperança de encontrar trabalho e poder dar condições melhores para esposa e filhos. Mas A Chegada (SM Edições, 128 páginas, R$ 48,00), a história contada apenas pelo uso das imagens do australiano Shaun Tan, é bela, sensível, inteligente e estranha ao mesmo tempo.

O que dá autoridade ao ilustrador para relatar essa fábula é a inspiração na sua própria vida: seu pai, nos anos 1960, se mudou da Malásia para a Austrália para vislumbrar dias melhores.

A arte expressionista, em tons variantes de sépia e cinza, é um espetáculo à parte. Obriga o leitor a demorar nos detalhes das silenciosas páginas.

O que torna o álbum de capa dura um primor é o poder de sintetizar as imagens para retratar características e simbologias que muitos escritores demorariam páginas e mais páginas para descrevê-las na prosa comum.
Uma obra-prima das HQs.