CULTURA
Opinião: Juliette, do BBB21, é a pura essência do nordestino
"É menina de sotaque bonito, paraibano, que a gente, da terrinha, se reconhece quando escuta".
Publicado em 02/02/2021 às 10:12 | Atualizado em 02/02/2021 às 14:08
É assim, sabe?
As pessoas têm suas histórias, suas trajetórias, suas vidas.
Têm um passado, pessoas queridas que referendam o seu jeito de ser, sobrenomes que os definem, familiares que amam, se orgulham, protegem.
As pessoas, enfim, são a soma de suas experiências. E não deveriam ser rotuladas na velocidade de um instante, muito menos por critérios subjetivos como o jeito de falar, de sentir, de ser.
Eu não conhecia Juliette Freire, minha conterrânea, a paraibana do BBB21. A rigor, continuo não a conhecendo.
Mas tenho amigos que são amigos dela. Que a conhecem de antes. Que falam com afeto sobre uma Juliette pré-BBB.
São aqueles que, de fato, têm propriedade para falar dela.
E, quando os escuto, escuto coisas boas. Intensas.
Uma batalhadora, menina de Campina Grande, perdeu a irmã, a maior de suas amigas, quando tinha apenas 17 anos.
Começou a ajudar a mãe. Virou maquiadora para ajudar no pagamento das contas. Lutou. Venceu. Trabalhou. Batalhou. Formou-se em Direito.
É menina de sotaque bonito, paraibano, que a gente, da terrinha, se reconhece quando escuta.
É representatividade, portanto. É pertencimento. É se reconhecer como parte de algo maior. De uma aldeia, de uma comunidade, de uma identidade, de uma terra que ganha ares de sagrado.
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Juliette, em pouco mais de sete dias, é a pura essência do nordestino.
Deixa sua terra, seus amores, suas referências para trás. Vai em busca de sonhos, de um futuro melhor, de oportunidades. E, em meio a tudo isso, é atacada apenas por ser de onde é.
Que seja.
Juliette luta por ela, claro. Mas luta também por sua história, por seu passado, por aquilo que a define.
“É apenas um jogo. Um programa de televisão”, dizem.
Não sei.
Chega um momento que vira algo maior.
Chega um momento que vira uma batida no peito, forte, orgulhosa, indignada também, em que todos gritam por respeito e pelo fim dos preconceitos que todos nós nordestinos já sofremos - ou sofreremos - um dia.
Era só isso mesmo o que eu queria dizer.
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