CULTURA
Os cavaleiros da seca
Projeto 'Fragmentos de uma Tradição' que circula pelo Seridó paraibano traz registros do cotidiano dos vaqueiros nordestinos
Publicado em 17/04/2013 às 6:00
Há uma espécie em extinção nos áridos rincões do Nordeste. De gibão e chapéu de couro, ela carrega uma tradição secular, ameaçada de desaparecer. O vaqueiro, símbolo maior da resistência de nossa cultura, encontrou na fotografia uma aliada na luta para que seus costumes e rituais não sejam calcinados pelo tempo.
Fragmentos de uma Tradição, projeto derivado de uma expedição realizada em 2011 por três fotógrafos potiguares, acaba de chegar no Seridó paraibano trazendo os registros do cotidiano destes cavaleiros da seca.
Composto por uma exposição e uma série de oficinas, o projeto circula pela região começando por Pedra Lavrada (a 237 quilômetros de João Pessoa), onde já é possível conferir as 20 fotografias feitas durante a 'Pega de Boi no Mato', uma das tradições que sobrevivem em alguns estados.
As atividades serão realizadas ao longo de 14 dias, em Pedra Lavrada, e seguem para as cidades de Picuí e Nova Floresta, que o Coletivo Byreçá (formado pelos fotógrafos Pablo Pinheiro, Tiago Lima e Alex Fernandes) visita com o intuito de produzir um fotodocumentário que será lançado em livro no final do ano.
"O vaqueiro nordestino é talvez a única figura deste gênero que é cem por cento brasileira", afirma Pablo Pinheiro, que lembra o exemplo similar dos gaúchos, no Sul, apontando a ressalva de que eles são fortemente influenciados pela cultura de países fronteiriços, como a Argentina.
"Esta figura está se acabando, e a nossa preocupação foi buscar a verdadeira essência de sua imagem, convivendo com os vaqueiros", explica o fotógrafo, que chegou a acordar às 3h da madrugada para acompanhar os vaqueiros em suas atividades diárias.
No ano passado, o coletivo recebeu o incentivo do Programa de Cultura do Banco do Nordeste e concebeu o projeto de circulação que já passou também pelo Seridó do Rio Grande do Norte.
Segundo Pablo Pinheiro, as oficinas promovidas têm a intenção de proporcionar uma contrapartida à sociedade: "A fotografia tem que se relacionar com os espaços que ela ocupa. Temos que ter a preocupação de fazer com que o nosso trabalho se enraíze nestes espaços", defende o fotógrafo.
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