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CULTURA

Os centenários de 2014

Ano começa com o centenário do ator George Reeves, o Super-Homem na televisão; além dele, outros serão lembrados, veja.

Publicado em 05/01/2014 às 6:00 | Atualizado em 22/05/2023 às 12:41

O ano passado foi marcado por efemérides nas artes. Na literatura, por exemplo, foram três centenários de nascimento - Rubem Braga (1913-1990), Vinicius de Moraes (1913-1980) e Albert Camus (1913-1960) - e um de morte - Aluísio Azevedo (1857-1913).

Este ano não ficará atrás em termos de datas memoráveis, a começar por hoje, centenário do ator George Reeves (1914-1959), intérprete do Super-Homem na televisão.

Ironicamente, homem que, na TV, era mais rápido que uma bala, morreu depois que disparou sua arma de fogo em sua casa em Los Angeles (EUA).

Outra curiosidade em torno do Homem de Aço: este ano o centenário do cocriador do personagem: o quadrinista Jerry Siegel (1914-1996).

No próximo mês, será lembrado o nascimento do escritor americano William S. Burroughs (1914-1997), autor de Almoço Nu (1959) e um dos propulsores do movimento beat.

Se, desde 2012, as páginas espontâneas e verborrágicas de Jack Kerouac (1922-1969) foram resgatadas com adaptação cinematográfica de sua obra, reedições e lançamentos de biografias em tributo aos 90 anos do autor de Pé na Estrada (1957), quem promete roubar a cena em 2013 é Burroughs, colega mais velho da geração.

Um documentário que leva o nome do escritor está sendo restaurado depois de uma campanha de 'crowdfunding' feita pelo americano Aaron Brookner (neto de Howard Brookner, diretor do longa-metragem original que remonta o ano de 1989).

O filme traz depoimentos da cantora Patti Smith e do poeta Allen Ginsberg (1926-1997) e a expectativa da produção é que ele estreie internacionalmente no dia do centenário do seu inspirador, no dia 5 de fevereiro.

Outro escritor que também terá o centenário celebrado é o argentino Julio Cortázar (1914-1984). No caso do autor de Jogo da Amarelinha (1963), que completou 50 anos em 2013 com nova tradução para o português e reedição comemorativa limitada pela Civilização Brasileira, a efeméride é dupla: 100 anos de nascimento e 30 de morte.

A Civilização Brasileira já está relançando obras de Cortázar que estão fora de catálogo, como Bestiário (1951), coletânea de contos que andava fora das prateleiras desde o final dos anos 1980, quando foi lançado pela Nova Fronteira.

Saindo do âmbito literário e entrando no domínio musical, mais três centenários dignos de menção: os dos cantores e compositores Dorival Caymmi (1914-2008) e Lupicínio Rodrigues (1914-1974); e o do compositor César Guerra-Peixe (1914-1993).

Na verdade, o clã Caymmi já antecipou as homenagens no ano passado: os filhos Nana, Dori e Danilo lançaram no ano passado o disco Caymmi (Som Livre), repleto de lados B do repertório do baiano, além de uma capa ilustrada com o autorretrato do cantor. Filha de Nana, Stella Caymmi dedicou ao avô o livro O Que É Que A Baiana Tem? (Civilização Brasileira, 294 páginas), fruto de 85 horas de gravações feitas com Dorival ao longo de 25 anos.

Porto Alegre (RS), cidade natal de Lupicínio Rodrigues, já está com agenda preparada para o centenário da prata da casa: haverá entrega de troféus com o nome do artista, divulgação de versos em ônibus e lançamento de livro, filme e musical sobre 'Lupi'. Em setembro, está programado um show em que serão convidados Chico Buarque, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Djavan e Ney Matogrosso.

Mais conhecido dos amantes da música clássica, César Guerra-Peixe (1914-1993) batiza o concurso nacional de composição organizado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) para peças de 13 a 15 minutos de duração. As inscrições para o concurso vão até o próximo dia 31. As obras selecionadas serão executadas pela Orquestra da Escola de Música da UFMG durante o evento 'Guerra-Peixe:100 anos - Seminário sobre vida e obra do compositor', realizado entre os dias 9 e 11 de abril na Escola de Música da UFMG.

A ESTREIA DE UM VAGABUNDO

Há 100 anos, o cinema conhecia o talento de Charlie Chaplin (1889-1977). Como ator, o britânico estreava substituindo um colega no curta-metragem Carlitos Repórter (Making a Living, EUA, 1914), filme dirigido por Herny Lehrman cuja tradução em português é enganosa: o personagem de andar peculiar e bengala a tiracolo só apareceu pela primeira vez em um segundo curta-metragem, Corrida de Automóveis para Meninos (Kid Auto Races in Venice, EUA, 1914), também dirigido por Lehrman.

Os filmes eram lançados, respectivamente, nos dias 2 e 7 de janeiro. Neste ínterim, Chaplin testou o visual de Carlitos em um terceiro título, Carlitos no Hotel (Mabel's Strange Predicament, EUA, 1914), que só estreou no dia 9 de fevereiro. Os três curtas integram a caixa com a obra completa de Chaplin que a Versátil colocou nas prateleiras no ano passado, em versão restaura.
A Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-Rio) está organizando este mês uma retrospectiva de filmes de Chaplin.

Em julho, haverá uma exibição especial de Corrida de Automóveis para Meninos no galante Royce Hall, em Los Angeles (EUA). No mês passado, em San Juan (Porto Rico), o escritor e artista Josean Ramos organizou uma exposição intitulada Simultâneas de Chaplin, uma coleção de 20 obras em acrílico sobre tela.

DUAS MORTES EMBLEMÁTICAS

A ausência também rende centenários em 2014: dois escritores brasileiros ganham nova projeção no ano em que não apenas os nascimentos, mas também as mortes rondam a memória dos leitores antenados nas biografias de seus autores favoritos.

Um fato histórico, em particular, chama a atenção do público paraibano: os 100 anos da morte do poeta Augusto dos Anjos (1884-1914). A sombra de Augusto paira novamente sobre a nossa literatura apenas dois anos depois do centenário de sua obra-prima, o Eu (1912), que ganhou reedição pela Academia Paraibana de Letras (APL) e Senado Federal.

Outra expectativa editorial é pelo centenário da morte de Silvio Romero (1851-1914), escritor, crítico literário, um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras (ABL), que assinou Introdução à História da Literatura Brasileira (1882) e O Elemento Popular na Literatura do Brasil (1883).

PARA MARCAR NA AGENDA

Centenários de nascimento

5 de janeiro - George Reeves, ator
30 de janeiro - Carlos Lacerda, jornalista
5 de fevereiro - William Burroughs, escritor
18 de março - César Guerra Pexe, compositor
24 de abril - William Castle, cineasta
30 de abril - Dorival Caymmi, cantor e compositor
26 de agosto - Julio Cortázar, escritor
10 de setembro - Robert Wise, cineasta
18 de novembro - Iberê Camargo, artista visual
17 de outubro - Jerry Siegel, artista gráfico

Centenários de morte

18 de junho - Silvio Romero, escritor e crítico literário
12 de novembro - Augusto dos Anjos, poeta

Fatos históricos

1914 - Estreia de 'The Property Man', de Chaplin

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Jornal da Paraíba

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