CULTURA
Os dossiês de Wills Leal; escritor faz 75 anos
Prestes a completar 75 anos, escritor recebe título de cidadania e lança novo livro
Publicado em 16/09/2011 às 6:30
Tiago Germano
Em 2006, Wills Leal completou 70 anos em meio a sete dias de festa, celebrados com sete discursos, um para cada década. Hoje, dois dias antes de seu 75º aniversário (que ocorre no domingo), a comemoração será mais curta, mas não menos solene: “Vão ser 75 horas de festa em João Pessoa”, afirma Wills, que recebe hoje, às 18h30, o título de Cidadão Pessoense na Academia Paraibana de Letras (APL), e lança amanhã, às 10h, o longa metragem Atonal e Visionário, no Cine Mirabeau.
Natural de Alagoa Nova, o imortal da APL aproveita a outorga do título para lançar, também hoje, na sede da entidade, seu 22º livro: Jamais Deletado (Ideia, 270 páginas). Segundo o autor, a obra faz uma seleção de textos que têm a peculiaridade de carregar as múltiplas facetas de quem já dedicou sua vida ao jornalismo, cinema, turismo e preservação do patrimônio histórico da capital paraibana.
“Fiz uma coletânea dos artigos engavetados ao longo de mais de 50 anos, de um tempo em que a cultura ainda era a do papel", explica Wills. "Quis usar um termo da cultura digital no título porque jamais deletei esses textos da minha história. Me considero um pensador formado intelectualmente na máquina de escrever, mas que procura direcionar suas reflexões para a linguagem dos computadores", diz ele, comentando a concepção da capa (veja no detalhe).
"Eu sou o que fui. Serei o que estou sendo. Do ponto de vista do conteúdo, minhas ideias continuam as mesmas, elas só mudaram do ponto de vista técnico. É só uma questão de me adaptar às novas possibilidades”, ratifica Wills, que é homenageado na APL na semana em que os jardins do casarão da Duque de Caixas abrigam também a lembrança dos 70 anos da instituição fundada por Coriolano de Medeiros.
Na epígrafe de Jamais Deletado, uma referência a outro membro fundador da APL, numa citação de José Américo de Almeida: "Nunca pedi louvores, mas mereço justiça pelo que fiz". Wills Leal não chega a associar a frase ao reconhecimento vindo da Câmara Municipal de João Pessoa: "Seria um pouco cabotina a associação, mas acho que o município está reconhecendo o trabalho que fiz no resgate do Carnaval, da Festa das Neves, da minha preocupação com o lugar onde moro desde a minha infância".
Para ele, o clima é nostalgia, mas também de afirmação de suas atividades: "A melancolia é inerente ao ser humano diante do nascer e do morrer. Todos sabemos que vamos morrer. Se eu morrer, quero morrer vivo, não quero morrer morto", brinca.
Prova do vigor de Wills é o lançamento de Atonal e Visionário, filme sobre a sua carreira, no Cine Mirabeau, que ajudou a inaugurar como homem à frente da Academia Paraibana de Cinema, em 2008.
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