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CULTURA

Os escorregões do Morcego

Mesmo com a montagem de 165 minutos, muitas sequências ‘tropeçam’ no que seria a queda e ascensão do Homem-Morcego, veja crítica.

Publicado em 31/07/2012 às 6:00


Existe certa ‘maldição’ da trilogia, onde o terceiro filme geralmente é o mais fraco da pirâmide de uma determinada franquia, vide clássicos como O Poderoso Chefão e fenômenos da sci-fi como Matrix.

Com intuito de concluir sua passagem pela série cinematográfica de Batman (‘zerada’ depois das passagens de Tim Burton e Joel Schumacher em quatro longas-metragens), o diretor Christopher Nolan (A Origem) se despede com O Cavaleiro das Trevas Ressurge (The Dark Knight Rises, EUA, 2012).

Depois de fazer um bom começo com Batman Begins (2005) e elevar as expectativas com uma continuação ainda melhor, O Cavaleiro das Trevas (2008), Nolan realizou um desfecho evocando os outros filmes (por isso, o espectador terá que assisti-los para não ficar ‘perdido’) e mantendo o nível, apesar dos furos e equívocos ao longo da execução.

Talvez, os grandes inimigos do Ressurge – tirando o vilão antagonista – são a eloquência sugerida como ‘épica’ e as diversas histórias e personagens que não cabem no filme.

Mesmo com a montagem de 165 minutos, muitas sequências ‘tropeçam’ no que seria a queda e ascensão do Homem-Morcego (Christian Bale).

O vilão da vez é o desconhecido no mundo off dos quadrinhos Bane (o competente Tom Hardy), o homem que 'quebrou' a coluna do herói nos anos 1990. Um adversário mequetrefe que reflete muito da tal década para o universo dos super-heróis: sem criatividade. Mas Nolan oferece mais personalidade, apesar daquela máscara que mais justifica ser um megafone ala Darth Vader do que um respirador.

O filme se passa 8 anos após os eventos do segundo. Batman leva a culpa pela morte do promotor-exemplo Harvey Dent (que se transformou no vilão Duas-Caras) e passa a ser foragido da lei. Com a cidade de Gotham City pacificada, o milionário Bruce Wayne (Bale) se torna recluso até a ladra Selina Kyle (Anne Hathaway) despertar seu lado detetivesco. Aos poucos ele começa a perceber indícios do surgimento de uma nova ameaça personificada na figura de Bane.

Nolan se rende aos efeitos especiais por causa da dimensão da saga. Tirando a sequência inicial – bastante inferior a muitas de O Cavaleiro das Trevas – a ação não empolga tanto quanto a imprevisibilidade do arqui-inimigo Coringa (imortalizado pelo finado Heath Ledger). O roteiro por vezes fica muito didático e a edição muito rápida (foram 90 dias que Gotham ficou sitiada por causa de Bane). Fora os clichês e reviravoltas previsíveis como uma bomba-relógio nuclear saída de um episódio de 24 Horas.

Com um bom time de coadjuvantes, Michael Caine como Alfred protagoniza as melhores cenas dramáticas e a Mulher-Gato da Hathaway faz jus ao nome e à índole. Para não ser comparada, pois a personagem de Michelle Pfeiffer tem outras características, sendo esquizofrenica e ter um viés sexual muito mais latente.

A trilha de Hans Zimmer fica na cabeça, mas Ressurge deixa a sensação que poderia ser melhor e menos 'épico' na sua megalomania pretensiosa, mesmo não fazendo feio.

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Jornal da Paraíba

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