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CULTURA

Os Sertões musicais

Os Sertões é comandado por Clayton Barros, ex-integrante do Cordelo do Fogo Encantado.

Publicado em 25/11/2012 às 8:00


Um nome que remete aos alfarrábios de Euclides da Cunha e um CD com capa à la Sgt. Pepper's, com direito até a um jardim de xique-xique. Aparentemente, Os Sertões, banda do ex-Cordel do Fogo Encantado Clayton Barros, não vai muito além da referência.

Mas A Idade dos Metais, primeiro trabalho do grupo formado por Barros (voz, violão e guitarra), Deco Trombone (sopro), Rafael Duarte (voz e baixo) e Pernalonga (bateria), supera-se: com uma sonoridade que se propõe urbana, entre o 'hard' e o 'cool', o disco de inéditas evoca um Nordeste próspero e cosmopolita, sem muitos estereótipos.

"O Cordel falou muito sobre os conselheiros e a matadeira", lembra Clayton Barros. "Nossa prioridade era outra. Por isso, quando a gente foi batizado pelo nosso empresário (o também produtor Eduardo Pereira), fiquei meio relutante. Mas sou de Arcoverde (PE), o Sertão é a minha escola".

Alternando canções autorais e temas instrumentais, o repertório foi composto desde 2010, quando, no meio de um Carnaval, a imprensa foi sacudida com a notícia de que o Cordel tinha chegado ao fim.

"A transição foi difícil", diz Clayton. "Estávamos prestes a gravar um novo disco e tínhamos chamado dois amigos para tocar com a gente. Lirinha, entretanto, não estava mais disposto. Estava mais a fim de fazer outros trabalhos. Para falar a verdade, o Cordel já respirava ares de uma reta final desde o último disco (Transfiguração, de 2006). Ele foi uma tentativa de nos reunir de novo", esclarece o músico, que garante a permanência da amizade: "A gente acaba dez mil bandas, mas não acaba uma verdadeira amizade".

Por sinal, os dois amigos que participariam daquela gravação do CD do Cordel eram Rafael Duarte e Deco Trombone, que hoje formam Os Sertões. Eles colaboraram para dar forma a um trabalho que, em parte, foi resgatado do acervo encantado de ideias do Cordel. "Eu vasculhei o meu baú e resgatei algumas coisas que não cabiam no Cordel, ou por não terem sido acolhidas pela banda ou por não se encaixarem com a estética do Lirinha", explica Clayton Barros.

As onze faixas estão bem sintonizadas com o clima de reestruturação provado sobretudo por Clayton depois daquele Carnaval: "Elas têm muito desse clima escuro que começa a clarear. A gente precisava continuar esse sonho de viver de música, ainda que de forma independente, ainda que por cima de pau e de pedra".

Atualmente, a banda está fechando uma agenda pelo Sudeste, mas a prioridade é interiorizar a turnê, levando o som d'Os Sertões ao lugar que lhe é de direito, em uma viagem que, nas palavras de Clayton, será "uma odisseia que percorrerá tanto estradas de terra quanto de água".

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Jornal da Paraíba

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