Paraibana autista tem obra selecionada para exposição em SC

Uma artista paraibana está entre os 19 selecionados para uma exposição inclusiva que está sendo realizada em Santa Catarina. Noberta Doia é autista, tem 27 anos, e sua obra intitulada 'É preciso ser humano'.

A exposição coletiva ficará em cartaz a partir desta quarta-feira (21), na Fundação Universidade Regional de Blumenau (Furb), com um tour pelas obras e a presença de intérprete de Libras e audiodescritoras. A exposição é promovida pela plataforma Esquina Gráfica, que tem a proposta de promover a arte de forma acessível para pessoas com deficiência.

Noberta explica que a obra fala sobre o quanto a exposição excessiva às redes sociais faz com que as pessoas criem personagens e se desconectem da realidade. "Vivemos imersos na internet criando personagens nas redes sociais, jogos, seguindo padrões de moda, criando uma fantasia. O nome da obra é por conta disso, vivemos uma fantasia e esquecemos a realidade".

Esta é a primeira vez que uma obra da artista paraibana é selecionada para uma exposição. Noberta destacou a importância do incentivo das amigas para se inscrever no concurso cultural.

"Estou me sentindo muito feliz pela oportunidade de expor minhas obras pela primeira vez. Sem o apoio das minhas amigas Renata Lima e Ana do Vale, creio que eu não teria conseguindo me inscrever neste concurso cultural, elas me incentivaram a participar e as agradeço pelo apoio".

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Orgulho autista

No último domingo (18), foi comemorado o Dia Mundial do Orgulho Autista. Para Noberta, estar fazendo parte de uma exposição poucos dias depois da data, é motivo para comemorar em dobro. "Eu fiquei muito feliz, foi um presente. A chegada do meu diagnóstico de forma tardia aos 25 anos me abriu portas que eu não imaginava, aprendi sobre as minhas dificuldades, aprendi a respeitar os meus limites, também aprendi que eu posso fazer coisas que as outras pessoas conseguem, no meu ritmo, com apóio da minha família e amigos".

Participar de uma exposição com artistas de todo o Brasil era  algo que Noberta Doia não  imaginaria que conseguiria, há alguns anos. "Eu achava difícil conseguir expor uma obra, não confiava em mim, depois do meu diagnóstico e apoio das minhas amigas do trabalho, eu vi que eu poderia fazer algo que gosto e queria fazer".

A paraibana utiliza a arte para se expressar desde criança.  O que na infância era visto como uma brincadeira, agora é objetivo e perspectiva de vida. "Gosto de pintar para relaxar, era uma das minhas brincadeiras favoritas desde criança, também já atuei em peças de teatro na escola e na igreja e me ajudaram muito a me expressar melhor, aprender a me comunicar com as outras pessoas".