CULTURA
Picasso é unanimidade na arte
Picasso fez o que tinha vontade. Inaugurou o cubismo, arriscou-se na poesia, agarrou-se às causas de seu tempo, época e povo e envolveu-se com mulheres.
Publicado em 25/10/2011 às 6:30
Picasso é uma das poucas unanimidades na arte. Para o artista plástico paraibano Dyógenes Chaves, ele é um dos pilares da pintura moderna. Alberto Lacet, também artista plástico, acredita que depois dele, a pintura pouco se renovou. Se estivesse vivo, o pintor, escultor, desenhista e ceramista espanhol completaria hoje 130 anos. E provavelmente trabalhando forte, servindo de inspiração para pintores figurativos, inovando e deixando muita gente para trás.
Dyógenes, inclusive, acredita que se ele estivesse vivo hoje, "fatalmente usaria a tecnologia, e usaria bem”.
Picasso fez o que tinha vontade. Inaugurou o cubismo, arriscou-se na poesia, agarrou-se às causas de seu tempo, época e povo e envolveu-se com mulheres. Muitas mulheres. Por isso mesmo, foi um artista versátil. Durante a carreira, inaugurou fases diferentes, algumas vezes marcadas pelo amor e as novas relações. Mas ficou conhecido pelo grito de agonia, socorro e basta que deu na sua obra mais famosa: Guernica, nome de uma cidade espanhola que foi bombardeada durante a guerra civil no país.
A principal ruptura promovida por Pablo Ruiz y Picasso foi a criação do cubismo. A obra que marca essa estreia é o gênero Les Demoiselles d'Avignon (1907), que tem a decomposição da realidade humana como característica. Alguns especialistas atribuem o surgimento desse estilo à parceria entre Paul Cézanne e ele. Mas para Alberto Lacet, onde Cézanne parou, Picasso avançou "porque o cubismo tinha um trabalho de trazer uma raiz da arte europeia”, explica.
O estilo é caracterizado pela utilização de figuras geométricas, principalmente o triângulo, para representar pessoas, animais, objetivos, ambientes, situações. É baseado na ilusão de ótica, numa tentativa de enxergar em três dimensões. Deu brecha também para o surgimento do nosso abstracionismo contemporâneo.
O cubismo causou choque porque "antes disso, a pintura era bastante acadêmica e em geral expressavam a realidade de forma fiel", explica Chaves, que também disse que o artista espanhol era um excelente pintor acadêmico. Para Alberto, “Picasso poderia ter parado por aí, e já seria grande”.
Mas ele não parou. Durante as décadas de trabalho, passou por, pelo menos, quatro fases marcantes: o período azul inicia a carreira seguido do rosa, marcado pelos tons vermelho e rosa. Na sequência, o cubismo e, por fim, uma experiência com o surrealismo, talvez consequência do trabalho anterior.
Morreu aos 92 anos em 8 de abril de 1973, e pouco antes do fim, ainda ingressou numa fase de representação de figuras eróticas, como explicou Dyógenes. Na série, ele não se representava. Quem aparecia nas telas era um pintor amigo, Rafael. “E uma vez perguntaram por que ele não se colocou nas telas, e Picasso disse que Rafael morreu muito jovem e não tinha aproveitado a vida, não sabia o que era a velhice” diz Dyógenes.
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