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CULTURA

Pietà vence em Veneza

Filme do diretor sul-coreano Kim Ki-Duk é premiado com o Leão de Ouro de melhor filme do 69º Festival de Veneza.

Publicado em 11/09/2012 às 6:00


Kim Ki-Duk adora surpreender. E não apenas em seus filmes. Mesmo carregando o Leão de Ouro de melhor filme do 69º Festival de Veneza por Pietà, entregue domingo, o sul-coreano atende os jornalistas, fugindo de qualquer protocolo.

"Estúdios americanos estão interessados em meu trabalho, mas a fama não vai me transformar", contou à agência Folhapress. "Faço filmes com o coração e não para agradar o público. Estou feliz e espero que mais pessoas vejam meus longas no meu país." Problema dos coreanos.

Ki-Duk é um dos diretores asiáticos mais interessantes no momento. Não fez universidade de cinema, estudou para ser padre, trabalhou no exército coreano e como pintor. E ainda recebeu o prêmio cantando uma tradicional música triste de seu país. "Mas eu canto quando estou alegre. São as ondulações da vida."

Pietà custou US$ 100 mil (R$ 200 mil) e não faz concessões para agradar. A trama filmada no bairro barra-pesada de Cheonggyecheon (Seul), sobre um brutal cobrador de dívidas de agiotagem, vivido por Lee Jung-Jin, é ultraviolenta.

"A Coreia está crescendo demais e muitos se esquecem dos seres humanos que moram nesses bairros, que parece a área onde cresci", contou o Ki-Duk. "Fiz esse filme para falar sobre o mal do capitalismo extremo."

Estilos opostos
O cinema "na raça" do coreano contrasta com o estilo técnico detalhista de Paul Thomas Anderson, o outro grande vencedor da noite.

"The Master" levou o Leão de Prata de direção e a Coppa Volpi de ator para a dupla Joaquin Phoenix e Philip Seymour Hoffman, que foi receber o prêmio em nome da produção, já deslocada para o Festival de Toronto.

"Planejo todos os detalhes, mas, quando trabalhamos com um ator surpreendente como Joaquin Phoenix, tudo é jogado fora no primeiro dia de filmagem", falou Anderson. "Desde o meu primeiro filme, sou paranoico com detalhes, porque sempre acho que a equipe vai descobrir que sou uma farsa."

O prêmio para Anderson, assim como seu filme, sobre as origens da cientologia, veio com uma certa confusão.

O presidente da comissão julgadora da competição, Michael Mann, trocou a categoria pelo prêmio especial do júri, vencido por "Paradise: Faith". Quando o austríaco Ulrich Seidl subiu ao palco para pegar o seu Leão de Prata de direção - que, na verdade, já havia sido entregue para Anderson -, recebeu o pedido de desculpas de Mann.

O cineasta americano ainda causou mais controvérsia ao anunciar que o primeiro critério de escolha dos vencedores foi a regra do festival, que impede que o filme escolhido para o Leão de Ouro leve em outras categorias.

"Não foi uma escolha fácil", discursou o presidente do júri após a cerimônia. "Tivemos quatro longas reuniões e escolhemos premiar Paul Thomas Anderson com a direção. Mas temos seu filme em alta consideração."

O resto da noite foi tranquila. Os italianos levaram os prêmios de consolação de ator revelação (Fabrizio Falco, por "Bella addormentata" e "È Stato Il Figlio") e contribuição técnica à fotografia (Daniele Ciprì, diretor de "È Stato Il Figlio").

Olivier Assayas ficou com o melhor roteiro por "Après Mai", que fará parte da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, e trata de sua juventude nos anos 70, quando queria fazer cinema.

Imagem

Jornal da Paraíba

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