Poesia em preto e branco

O paraibano Sérgio de Castro Pinto é um nome referencial para a poesia no Estado. Entretanto, o que poucos sabem é que o escritor já fez uma incursão pela prosa: no início da década de 70 ele foi premiado no Concurso Nacional de Contos do Paraná com Cantilena.

O conto – o único já publicado por Castro Pinto – ganhou formas pelas mãos do artista plástico pessoense John Monteiro. A adaptação em quadrinhos pode ser conferida na exposição que leva o nome da obra, aberta à visitação gratuita no Sesc Centro, em João Pessoa, até o dia 7 de dezembro.

“Eu conhecia a obra de Sérgio apenas como poeta. No ano passado fui apresentado ao conto e gostei muito. O texto se encaixou perfeitamente no projeto que eu já tinha de adaptar uma obra literária para os quadrinhos”, relata John, que é graduando em Letras pela UFPB.

O autor Sérgio de Castro Pinto enxerga o conto como um produto bem próximo à sua obra poética. "Cantilena guarda muito mais semelhança com a poesia do que com a ficção", afirma no texto de apresentação da exposição.

Monteiro revela que a maior preocupação durante o processo de concepção do trabalho foi manter o conto na íntegra. As lâminas expostas trazem as ilustrações com o texto completo do escritor.

“Levei seis meses para concluir o trabalho. Desenhar não é um exercício mecânico, é preciso ter inspiração, absorver a essência do texto”, explica.

Autodidata em desenho, o paraibano de 26 anos diz que Cantilena foi sua primeira experiência em adaptação da literatura para os quadrinhos. “Eu desenho desde a infância", relembra. "A maior parte dos meus trabalhos era de aventura, histórias de super-heróis, influências do que eu lia na adolescência”.

O estilo de John Monteiro tem mudado de foco nos últimos anos, conforme o próprio avalia. “Pretendo investir em histórias próprias de ficção e poemas. Um dos meus projetos para o futuro é adaptar um poema do espanhol Federico Garcia Lorca”, antecipa o artista plástico.