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CULTURA

Poeta paraibano transforma poemas russos em folhetos de cordel

Astier Basílio é natural de Campina Grande e mestre em literatura russa, ele estudou a obra do poeta russo Óssip Mandelstam por três anos para fazer o trabalho.

Publicado em 25/08/2022 às 10:09


                                        
                                            Poeta paraibano transforma poemas russos em folhetos de cordel
Capa do cordel de Astier Basílio Divulgação/Astier Basílio

Poeta de Campina Grande, e mestre em literatura russa, Astier Basílio, traduziu nove poemas russos do escritor Óssip Mandelstam e os juntou em um cordel chamado de ‘Sal no machado’. O lançamento do folheto será na quinta-feira (25), na sede da Academia Paraibana de Letras. (veja uma das traduções na íntegra no fim da matéria).

De acordo com Astier, a vontade de traduzir os poemas russos veio quando ele visitou um sebo de livros raros, na Rússia, pois, segundo o poeta, alguns livros que tinham lá pareciam com folhetos em cordel.

“Vi a primeira edição de várias obras de poetas como Iessiênin, Akhmátova, Pasternak e, do ponto de vista editorial, era muito parecido com os folhetos dos cordelistas nordestinos”, disse.

O mestre em literatura russa informou que os poemas que foram traduzidos para o ‘Sal no machado’ são de temática política. Antes de fazer o trabalho de tradução, ele estudou a obra do poeta russo Óssip Mandelstam por três anos. Ele explica que por se tratar de um tema complexo e metafórico, o folheto é comentado.

“Mandelstam é um poeta, ao mesmo tempo, muito metafórico, e de certa forma difícil, mas que escreveu tendo como fonte de inspiração os episódios de sua própria vida”, afirmou.

Os poemas traduzidos são:


				
					Poeta paraibano transforma poemas russos em folhetos de cordel
Poeta de Campina Grande Astier BasílioFoto: Arquivo Pessoal/Astier Basílio. Poeta de Campina Grande Astier Basílio Foto: Arquivo Pessoal/Astier Basílio
  • Sal no machado;
  • À noite no quintal, um rosto foi lavado;
  • Tempo;
  • Leningrado;
  • Na cozinha nós dois e lá se sente;
  • Tíbia e sem pão, Crimeia. Primavera fria…;
  • Lar sem alarido, igual a papel;
  • Nós vivemos sem estar mais sentindo o país…;
  • Se os inimigos nossos me pegarem.

Rússia e Nordeste

Para além da percepção pessoal sobre a ligação entre a poesia russa e a poesia popular nordestina, Astier avalia que há muitas ligações.

“Primeiramente, são duas tradições poéticas extremamente musicais que trabalham, de modo criativo, o repertório de formas fixas. A oralidade também é algo em comum. Óssip Mandelstam, por exemplo, não escrevia os seus poemas: compunha-os de cabeça e depois os textos eram escritos por sua mulher Nadejda. Algo que o aproxima de Augusto dos Anjos, que também costumava compor desta forma” contou.

Poema 'NA COZINHA NÓS DOIS E LÁ SE SENTE...' na integra

Na cozinha nós dois e lá se sente

A querosene branca, docemente.

Faca afiada ao karavai, o pão,

Se quiser, ligue no tranco o fogão,

Mas não, tome estas cordas para ser

Amarradas à cesta até o amanhecer

A fim de irmos à estação de trem

Onde não iria nos achar ninguém

Óssip Mandelstam - Janeiro de 1931 (Tradução Astier Basilio)

Quem foi o Óssip Mandelstam?


				
					Poeta paraibano transforma poemas russos em folhetos de cordel
Poeta Óssip MandelstamFoto: Arquivo Pessoal/Astier Basílio. Poeta Óssip Mandelstam Foto: Arquivo Pessoal/Astier Basílio

Óssip Mandelstam nasceu na capital da Polônia, Varsóvia, ele foi para a Rússia quando tinha três anos de idade.O poeta foi filho de uma família de comerciantes judeus e estudou por dois anos em uma na Universidade Sorbonne, em Paris.

O escritor chegou a ser preso, em 1934, no sul da Rússia, na cidade de Voronej, por atividades anti soviéticas depois de escrever o poema que ficou conhecido como “Epigrama de Stalin”, ou Epigrama de Stalin. Ele morreu, em 1938, no campo de trabalhos forçados, em Vladivostok, quando foi preso pela segunda vez.

Imagem

João Alfredo Motta

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