CULTURA
Polêmica: Jackson é pernambucano?
Com alguns equívocos, livro sobre a história da música popular brasileira, do pesquisador baiano Ricardo Cravo Albin, é relançado.
Publicado em 05/07/2012 às 6:00
Escrito em 1998 pelo maior pesquisador de música brasileira do país, o baiano Ricardo Cravo Albin, e relançado na semana passada pela Fundação Nacional de Artes (Funarte), o valioso MPB, A História de Um Século traz dois erros crassos: diz que Jackson do Pandeiro (1919-1982) é pernambucano, e que nasceu em “Lagoa” Grande.
Jackson, cuja foto, extraída dos arquivos do jornal O Dia, é a primeira do livro e tem uma página inteirinha (a 247) dedicada a ele, nasceu, como é sabido, em Alagoa Grande, na Paraíba, e não em Lagoa Grande (que é o nome de um município pernambucano), como é creditado na página 72.
Grande livro sobre a música brasileira, não só pelo tamanho – é um livrão de capa dura, com 528 páginas e vendido ao preço sugerido de R$ 70,00 – mas também por condensar a história da nossa MPB no século 20, sai com tiragem de 3,5 mil exemplares, cujo foco, como atestou o presidente da Funarte, Antônio Grassi, são as bibliotecas, pontos de cultura e o exterior.
Lançada há 14 anos como a primeira e abrangente obra sobre MPB em três línguas – português, inglês e espanhol –, ganhou mais uma tradução, em francês, na edição revista e ampliada lançada há poucos dias. A nova edição também traz prefácio inédito de Paulo Coelho, que se soma ao prefácio do jornalista João Máximo e a um texto de Grassi.
Por telefone, a reportagem conversou com o autor da obra, Ricardo Cravo Albin, fundador e diretor do Museu da Imagem e do Som (MIS) entre 1965 e 1971, além de idealizador do Instituto Cravo Albin, que editou o fundamental Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira, disponível on-line.
Cravo Albin atribui a falha a um erro de revisão. “Isso é tão absurdo! Fiquei tão contrariado, afinal nosso José Gomes Filho sempre foi um grande amigo meu e, claro, eu sei que ele é da Paraíba e nasceu em Alagoa Grande, tanto que a informação está correta no Dicionário Cravo Albin”, rebate.
A confusão, justifica o musicólogo, partiu do revisor que, “levado pela força do Luiz Gonzaga, contemporâneo de Jackson do Pandeiro, acreditou que ele também era pernambucano”. “Nós vamos corrigir isso, afinal de contas, Jackson foi o cantor com maior sentimento de ritmo do Brasil, desde Orlando Silva. Nunca um cantor se movimentou tanto dentro do ritmo quanto Jackson e sem sair dele”, comenta.
A correção, garante Ricardo Cravo Albin, será feita a partir da próxima edição de MPB - A História de Um Século, ainda sem data, haja visto que a 2ª edição acabou de sair. “Gostaria de, humildemente, pedir desculpas à Paraíba. Não é fácil alinhavar três mil nomes numa cabeça de um homem de 70 anos.
Infelizmente, aconteceu com o José Gomes, que foi um grande amigo meu”, lamenta o autor. E o grande nome da música da Paraíba!
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