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CULTURA

Políbio, poeta sem rédeas

Livro ' Os Objetos Indomáveis' do escritor e poeta Políbio Alves será lançado nesta quarta-feira (6) na Academia Paraibana de Letras.

Publicado em 06/11/2013 às 6:00 | Atualizado em 18/04/2023 às 17:51

Políbio Alves dispensa apresentações. Não é à toa que, em seu novo livro, Os Objetos Indomáveis (Mídia Gráfica e Editora, 170 páginas, R$ 30,00), as orelhas foram impressas em branco por opção do autor. "É lógico que é proposital: e eu vou lá ser igual a todo mundo?", provoca o poeta, que lança a obra nesta quarta-feira, às 20h, na sede da Academia Paraibana de Letras (APL), em João Pessoa.

A apresentação da coletânea de versos marca o final de um ano em que Políbio foi vencedor do Prêmio Augusto dos Anjos com Os Ratos Amestrados Fazem Acrobacias ao Amanhecer, volume de contos que a Fundação Espaço Cultural da Paraíba (Funesc) prevê publicar em 2014.

Final de ano marcado também pela sua 10ª viagem à ilha de Cuba, onde teve a oportunidade de verificar o andamento da tradução de dois romances inéditos (A Leste dos Homens e A Traição de Hemingway), que serão publicados em espanhol antes mesmo de sair no Brasil.

"E olhe que eu ainda tenho uns outros nove prontos e engavetados lá em casa", avisa com um ânimo quase juvenil, do alto de 72 anos muito bem vividos entre pilhas de livros e rascunhos. "Ler e rasgar papel são as minhas duas grandes paixões. Eu tenho muita dificuldade para escrever. Tem gente que escreve um livro por ano e ainda tem tempo de frequentar lançamentos e saraus. Você não vai me encontrar em eventos deste tipo. Eu sou a Greta Garbo da literatura", brinca, com uma expressão sorridente e o olhar oculto pelas lentes de seus inseparáveis óculos de sol.

Apesar da paixão pela leitura que nutre desde os seis anos ("Eu não tive brinquedos na infância. Meus primeiros brinquedos foram os livros"), Políbio confessa que odeia reler as páginas que ele mesmo escreveu ("Sempre que eu abro uma, encontro um defeito") e se declara francamente inapto com relação à divulgação da própria obra ("Se dependesse de mim, esse livro, por exemplo, nunca teria sido publicado").

Tal mérito ele confere a figuras como a da pesquisadora Bárbara de Fátima Alves de Albuquerque, mencionada na dedicatória de Os Objetos Indomáveis, e da colega Elizabeth Marinheiro, a quem atribui a disseminação de sua literatura fora do país.

ÉPICO A PRESTAÇÕES

Sem publicar material inédito há oito anos, desde Passagem Branca (2005), Políbio se queixa das dificuldades de ser editado no Brasil: "Aconteceu com Os Objetos Indomáveis a mesma coisa que aconteceu com Varadouro, no final dos anos 1980: eu tive que financiá-lo do meu próprio bolso."

O épico que narra a saga do bairro às margens do Sanhauá chegou à 5ª edição em 2011, quando o poeta foi homenageado pela Prefeitura Municipal de João Pessoa com o 'Ano Cultural Políbio Alves'. A 1ª edição saiu em 1989 e lhe custou a única "riqueza" que tinha na época: uma linha telefônica cadastrada na Telpa (a velha Telecomunicações da Paraíba).

"Varadouro tem duas datas oficiais: o miolo é de 1988 e a capa e a contracapa são de 1989, que foi quando eu consegui pagar o resto do livro com a venda daquela linha de telefone", recorda-se Políbio, hoje de celular vibrando na mão, confundindo-se com a tela em touchscreen e interrompendo a entrevista para atender uma ligação em que ouve os parabéns pelo lançamento próximo.

"Eu sou perdido para essas coisas", diz, desligando o aparelho e guardando no bolso. "Não conte comigo para tecnologia, computador. Eu ainda escrevo à mão, em toneladas de papel. Escrevo muito e rasgo muito. E não é por perfeccionismo, realmente saem coisas bem ruins às vezes."

O desperdício foi compensado com um toque de sustentabilidade: as 170 páginas de Os Objetos Indomáveis foram impressas em papel reciclável também por opção do autor. Se as páginas são recicláveis, a poesia de Políbio não é.

Autêntico, o poeta considerado por Brasigóis Felício como "um navegante na viagem dos signos" revela o seu maior segredo literário: "Quando me disseram que eu escrevia poesia eu não sabia o que era isso. Desde que comecei a escrever, eu nunca quis me parecer com poeta nenhum. Eu sou eu mesmo e não me pareço com mais ninguém."

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Jornal da Paraíba

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