CULTURA
Por um frevo fora de época
Quinteto Violamdo lança neste domingo (19) o disco 'Eu disse Freeevo!' em prévia carnavalesca no Parque Dona Lindu, no Recife.
Publicado em 19/01/2014 às 6:00 | Atualizado em 01/06/2023 às 16:34
Tolstói proclamou “canta a tua aldeia e serás universal”. O Quinteto Violado pareceu seguir a sugestão à risca: Eu Disse Freeevo!, disco que o grupo lança neste domingo em uma grande prévia carnavalesca no Parque Dona Lindu, no Recife (PE), é mais um grito que percorre rios, pontes e overdrives com pretensões de ecoar pelo mundo.
O novo repertório coroa uma trajetória de mais de 40 anos produzindo o que Gilberto Gil batizou de “free nordestino” e Dudu Alves, um dos caçulas do quinteto, defende: “A gente sempre teve essa liberdade de colocar a influência do mundo dentro da música nordestina. Falta acreditar um pouco mais naquilo que a gente faz. A música pernambucana e nordestina merece ser tocada mesmo fora do Carnaval”, opina o tecladista.
Inspirado no grito de guerra ouvido entre os solos das bandas de metal da folia recifense, Eu Disse Freeevo! reúne algumas regravações do Quinteto Violado e várias inéditas como 'Pernambuco doce' (disponível para download no site da banda), canção do cantor, compositor e violonista paraibano Marcelo Melo, um dos membros fundadores, que destaca o caráter de realização do projeto, concebido para atender as ambições do parceiro Toinho Alves (1943-2008).
“O quinteto finalmente conseguiu gravar um disco que tem a pegada do carnaval que a gente faz nos palcos e no trio elétrico durante o Galo”, afirma Marcelo. “O Toinho era muito apaixonado pelo frevo e, apesar de o frevo estar sempre em nossa discografia, mesmo fora de época, nós nunca tínhamos conseguido essa pegada do povo cantando com a gente.”
GERALDO VANDRÉ
Toinho morreu pouco depois do lançamento do DVD Uma Canção que Virou Concerto (2008), registro baseado no disco Quinteto Canta Vandré (1997). A gravação do show é a última de que o cantor e baixista participa junto com o grupo, que pretende retomar o espetáculo inspirado em Geraldo Vandré este ano, no mês de abril.
“Esse trabalho, que a gente gravou com a Orquestra Sinfônica Jovem de Pernambuco, vai embalar um grande evento da Unesco, no Parque Dona Lindu”, avisa Dudu. “O Toni Garrido, do Cidade Negra, vai tocar 'Disparada' com a gente. Esse é, inclusive, um dos espetáculos que a gente tem muita vontade de levar para João Pessoa, já que toda a história de Vandré está aí na Paraíba.”
ARIANO SUASSUNA
Outro paraibano com quem o Quinteto Violado vem flertando é Ariano Suassuna. O escritor é o homenageado do ano pelo Galo da Madrugada, que se inspirou no mestre armorial para confeccionar suas camisas e elaborar a trilha sonora do desfile.
No CD com os temas do desfile, Frevo no Auto do Reino de Ariano, lançado este mês em Pernambuco, há uma música do Quinteto Violado.
"Essa ideia veio do próprio bloco que convocou vários artistas para fazerem frevos em homenagens a Ariano", conta Marcelo Melo. "Então o Roberto Medeiros (percussionista do Quinteto) fez uma letra e nós musicamos. Coloquei o nome de 'Frevariano'."
O maior bloco carnavalesco de rua do mundo é lembrado em Eu Disse Freeevo! na faixa 'Quinteto no Galo', outra composição de Roberto Medeiros. Participaram também das gravações os colegas de folia Gustavo Travassos, Marrom Brasileiro e André Rio. O Quinteto Violado está com a agenda cheia até o fim do ano.
Além dos shows, o coletivo conduz o projeto dos 'concertos aula', que são apresentações didáticas feitas para escolas públicas onde se constata o óbvio: em Pernambuco, todos nascem com o frevo no pé.
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