CULTURA
Público infantil ganha disco de Kleiton e Kledir
'Par ou Ímpar' captura essência de discos infantis como 'A Arca de Noé' e 'Os Saltimbancos'.
Publicado em 11/10/2011 às 6:30
Não seria exagero dizer que Par ou Ímpar (Biscoito Fino, R$ 29,90), um belíssimo disco infantil que está chegando às lojas, é a nova Arca de Noé, até hoje, uma das grandes obras-primas da discografia infantil brasileira, concebida por Vinícius de Moraes e Toquinho em 1980.
A razão é simples: não só Par ou Ímpar captura a essência infantil de discos como A Arca de Noé e Os Saltimbancos (de Chico Buarque), como foi feito por uma das duplas mais talentosas da música brasileira: Kleiton e Kledir.
Os irmãos gaúchos acabaram entrando numa seara bastante em voga na MPB. Adriana Calcanhotto lançou seu Partimpim; Arnaldo Antunes e Edgard Scandurra conceberam seu Pequeno Cidadão; o Pato Fu comprou brinquedos para gravar seu Música de Brinquedo, e até Ivete Sangalo dedicou um disco aos baixinhos, o infame Casa Amarela. Sem contar projetos como Patati Patatá e Galinha Pintadinha.
Par ou Ímpar se destaca dos seus pares por ser, genuinamente, um disco autoral de canções infantis. São 12 faixas que resgatam elementos de uma infância alegre e ingênua, com uma sonoridade lapidar. “A Arca de Noé e Os Saltimbancos foram uma grande influência para mim, como letrista”, admite Kleiton, em entrevista ao JORNAL DA PARAÍBA.
“Quando a gente (ele e Kledir) sentou para conversar, a gente percebeu que os discos que estão sendo feitos ultimamente têm saído sem conteúdo, sem letra. Criança não gosta só de dançar, criança também pensa, criança também se emociona... foi isso que pensamos”, acrescenta o músico, elogiando iniciativas como a de Adriana Calcanhotto e Pato Fu.
Par ou Ímpar reflete a infância dos irmãos Ramil em Pelotas, interior do Rio Grande do Sul. “Nós crescemos numa cidade de calçadas largas, brincando na rua e soltando pandorga (nossa popular pipa). Mas descobrimos que mesmo hoje, as crianças continuam brincando de par ou ímpar, de amarelinha na calçada. Então procuramos resgatar coisas da nossa infância, sintonizadas com as crianças de hoje”, explica Kleiton.
Essa matéria-prima foi trabalhada ao longo dos últimos meses pela dupla, que compôs, para o projeto, canções preciosas para crianças de todas as idades, como a ótima ‘O mágico estrambólico’, ‘Formiga atômica’, ‘Pé de pilão (A turma do pé quente)’ e a belíssima ‘Pirulito esquisito’, capaz de arrancar lágrimas de papais e mamães.
Kleiton conta que a dupla também buscou parcerias para compor o repertório de 12 faixas do CD. Fechou uma de Pery Souza e Ricardo Silvestrin (‘Planeta poft’) e duas versões para músicas da compositora argentina Maria Elena Walsh (‘O cão salsicha’ e ‘Margarida, a tartaruga’). “Ela é uma espécie de Vinícius de Moraes de lá, na parte direcionada à música para criança”, explica.
O CD termina com duas faixas-bônus, ‘A bruxa’ e ‘Lindinha’. A primeira foi composta por Kleiton quando ainda era criança. “O arranjo é atual, mas mexi pouca coisa na letra e na melodia. Quando a compus, eu tinha por volta de 10, 12 anos, e meu pai falou: -Você vai fazer muito sucesso com essa música”, lembra, com carinho. Já ‘Lindinha’, Kledir cantava para ninar a filha Julia, hoje com 23 anos.
Aliás, as crianças de Kleiton e Kledir estão no disco, embora não sejam mais tão crianças assim. “O meu ‘menor’ tem 14 anos e 1,80 metro”, informa Kleiton, sobre o caçula Kaio. Ele ainda tem Karina (21) e Kamila (25). Julia é afilhada dele. Além dela, Kledir tem João, 18. “ Eles fazem coro no disco, porque são nossas eternas crianças”, acrescenta.
Comentários