CULTURA
Quero dançar um forró
Em entrevista ao Jornal da Paraíba Jorge Drexler lança 'Bailar En La Cueva', disco em que explora ritmos e melodias das Américas.
Publicado em 22/06/2014 às 6:00 | Atualizado em 31/01/2024 às 17:38
Autor da primeira música em espanhol a ganhar um Oscar (‘Al otro lado del río’, de Diarios de Motocicleta), o uruguaio Jorge Drexler lança Bailar En La Cueva (Warner Music, R$ 30,00), disco em que passeia pelas Américas, do Sul e do Norte, através de ritmos e melodias no álbum mais dançante da carreira do cantor e compositor.
“Eu gosto muito de conhecer a música dos lugares através da dança. Então, quando eu comecei a fazer o disco, eu tinha tudo isso no corpo, além da alma”, revela Jorge Drexler ao JORNAL DA PARAÍBA, por telefone, de sua casa, em Madri, na Espanha.
Para ele, essas andanças pela América, sobretudo a Latina, foram muito dançantes. “Eu dancei em quase todas as cidades que eu fui”, garante, em ótimo português. “Eu não consigo voltar para o hotel depois de um show. Eu caio na balada (risos), seja no Rancho do Neco, em Florianópolis, até um bar de Medelín (na Colômbia), dançando cumbia”.
E mais: Jorge Drexler diz que está feliz por ter a chance de conversar com um jornal do Nordeste, região que só conhece por passeios pela Bahia, Pernambuco e Ceará. “Eu ainda não fiz nenhum show aí. Eu nunca toquei em nenhum lugar acima do Rio de Janeiro, ou Belo Horizonte. Me leva para o Nordeste, por favor! Quero dançar um forró aí. Vou fazer uma chamada aberta: me levem para dançar forró no Nordeste”, brinca o músico, muito simpático e bem-humorado.
Embora tenha nascido no Uruguai, Drexler mora na Espanha há quase 20 anos. Chegou lá em 1995 a convite do cantor Joaquín Sabina com a função de compor músicas para ele e outros cantores espanhóis. Achou o mercado promissor e lá ficou, constituindo casa, mulher e filhos. “Eu gostaria de voltar para o Uruguai, mas estou esperando os filhos crescerem mais um pouquinho”, revela.
A viagem que inspirou Bailar En La Cueva começou com a turnê de lançamento de Amar la Trama, lançado há quatro anos. Foi o disco que o levou a shows do Canadá até a Argentina, passando pelo Brasil, Colômbia, Chile, Peru etc. “Eu comecei a me sentir em casa em países muito diferentes”, confessa. “Tudo o que eu aprendi, tudo que eu ouvi, o que eu trouxe desses lugares entrou nesse disco”.
E um pedaço de cada país está no repertório de 11 faixas do CD, inteiramente composto pelo próprio Drexler. ‘La luna de rasquí’, ele dedica ao venezuelano Simón Diaz, enquanto na faixa ‘Todo cae’, ele conta com o porto-riquenho Eduardo Cabra, e chamou para cantar ‘Universos paralelos’, a rapper chilena Anita Tijoux.
Além disso, a faixa que abre o repertório, e que dá nome ao disco, ‘Bailar en la cueva’, foi inspirada em ‘Cave dancing’, do norte-americano Ben Sidran. Nela, há a voz colombiana Li Saunet, do grupo Bomba Estereo.
Em ‘Bolivia’, além de dar o nome do país à música, ele faz dueto com o brasileiro Caetano Veloso (aqui, cantando em espanhol). “O Moreno (Veloso, filho de Caetano) me disse: gostei da sua cumbia tropicalista”, comenta o uruguaio, que admite a semelhança: “É uma boa definição”.
Para Jorge Drexler, ‘Bolivia’ utiliza várias técnicas usadas pelos tropicalistas brasileiros. “Como o uso da música de raiz, ao mesmo tempo que utiliza a contemporaneidade; a mudança do eixo temático, utilizando elementos que não são habituais para a cumbia, aqui aplicando uma reflexão histórica, mais escura - habitualmente a cumbia é mais festiva, não?! -, e também misturando diversos universos: o berimbau e a cumbia peruana, na base, e o arranjo dos metais, que é muito europeu. Cai tudo dentro disso”, enumera.
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