CULTURA
Quinteto Violado comemora 45 anos em 2016 com inéditas
Músicos têm show marcado para o Festival de Inverno de Campina Grande, no próximo dia 22, às 20h.
Publicado em 16/08/2015 às 8:00
“A sustança, o tutano do corredor do boi, a vitamina, a proteína, Padin Ciço, Frei Damião, Ascenso Ferreira, Lampião, Cego Aderaldo, Nelson Ferreira, Zé Dantas, tudo isto... É o Quinteto Violado”. Essa foi uma definição de Luiz Gonzaga (1912-1989) sobre o grupo pernambucano. Quando Gilberto Gil voltou do exílio, nos anos 1970, definiu o que o gênero musical da banda como “Free nordestino”.
“Trabalhamos sempre com os temas que fazem parte das raízes populares”, explica o paraibano Marcelo Melo, um dos fundadores do grupo junto com Toinho Alves (morto em 2008, aos 71 anos). “Ao lado dos pastoris, cirandas, reisados, frevo, bumba-meu-boi e cavalo marinho, trabalhamos também com os cancioneiros populares”.
Com show marcado para o Festival de Inverno de Campina Grande (FICG), no próximo dia 22, às 20h, na Praça da Bandeira, com entrada gratuita, os músicos vão apresentar no repertório músicas do disco Quinteto Violado Canta Dominguinhos, lançado neste ano.
Dessa série de CDs, os músicos já homenagearam nomes como o próprio Gonzagão (2013), Adoniran Barbosa e Jackson do Pandeiro (2011), Zé Marcolino (2010) e Geraldo Vandré (1997).
Cinco anos antes do surgimento do quinteto, em 1966, Marcelo Melo lembra da importância do Quarteto Novo, formado por Hermeto Pascoal, Theo de Barros, Heraldo do Monte e Airto Moreira.
“Vandré estimulou muito a música deles, que era diferente do pé de serra do Trio Nordestino”, aponta o paraibano. “O Quinteto Violado surgiu como se fosse uma continuação do Quarteto Novo, só que de forma mais ampla”.
Na época, Melo afirma que o “implacável e cruel” crítico musical e historiador José Ramos Tinhorão analisou o grupo como um divisor de águas para a música nordestina em virtude da contribuição dele para a MPB.
Ainda na sua primeira década de criação, o quinteto foi responsável por lançar a paraibana Elba Ramalho como cantora. “Na época, ela era só uma atriz”, conta Dudu Alves, também por telefone. “Precisávamos de alguém que cantasse e interpretasse durante as interseções do show A Feira. Seu pontapé como cantora foi no espetáculo”.
A diversidade musical não para de ser agregada na banda. Filho de Toinho, Dudu Alves trouxe seus teclados para a formação que se mantém desde o começo dos anos 1990. Segundo ele, a emulação das cordas através do instrumento tem inspiração do movimento armorial criado por Ariano Suassuna (1927-2014).
Além de Marcelo Melo (voz, violão e viola) e Dudu Alves (teclados), a formação atual do Quinteto Violado conta com os músicos Roberto Medeiros (percussão e voz), Ciano Alves (flauta e violão) e Sandro Lins (contrabaixo).
Sobre Toinho Alves, Dudu afirma que o aprendizado ultrapassa a disciplina colocada em casa. “Meu pai era muito exigente com todo mundo. Era um químico que idealizava os arranjos e passou isso pra gente. Como escola, aprendemos muito com ele”.
CONCERTOS-AULA
'Quinteto Violado Concerto-Aula' é um projeto do grupo em que eles apresentam seus instrumentos nas escolas do país. O objetivo é proporcionar às novas gerações o conhecimento dos gêneros, ritmos e valores das expressões culturais.
“Foram mais de 20 mil alunos no Brasil”, informa Dudu Alves. “Levamos o projeto até para a Coreia do Sul, em Seul, onde ensinamos música brasileira para 150 crianças”.
Sobre momentos marcantes, o tecladista da banda coloca no topo a indicação ao Grammy Latino no ano passado, em virtude do DVD Quinteto Violado canta Gonzagão.
“Foi um reconhecimento a nível mundial”, explica. “O Brasil é muito reconhecido pelo samba e bossa nova lá fora”.
Para comemorar os 45 anos do quinteto no ano que vem, o músico informa que vão preparar um disco com canções no início da carreira e inéditas chamado Free Nordestino.
"Foi por medo de avião..."
De acordo com o paraibano Marcelo Melo, Dominguinhos (1941-2013) cultivou uma grande amizade com o Quinteto Violado pelo prazer da música. Os laços ficaram mais estreitos nos anos 1970 em virtude do medo que o sanfoneiro pernambucano tinha de avião. "Andávamos muito pelo Brasil por terra, num ônibus", conta. "Ele tinha um espírito de observação que aprendeu com Gonzaga para mostrar os aspectos do sertanejo como ninguém". Falando no 'Rei do Baião', Melo relembra que ele chorou por causa da versão que o grupo fez do clássico 'Asa Branca'.
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