CULTURA
Rappa quebra seu silêncio com turnê
Depois de quase dois anos ausente, banda fala ao JORNAL DA PARAÍBA sobre sua volta
Publicado em 15/09/2011 às 9:30
Audaci Junior
“Conseguir realizar esse tipo de evento no lugar onde você toma a primeira e a saideira foi um momento de consagração”, comenta por telefone ao JORNAL DA PARAÍBA o vocalista Marcelo Falcão sobre a gravação na Favela da Rocinha, Rio de Janeiro, do disco e DVD O Rappa - Ao Vivo (Warner Music).
Como o título do disco de 2003, a banda carioca que teve um silêncio de quase dois anos separada, volta com o 'esporro' dos sucessos de 17 anos de estrada. Percorrida com a argamassa feita de timbres de dub, reggae, rock, riffs fortes e efeitos psicodélicos, a trajetória do Rappa começará a precorrer o Brasil em turnê que começa no mês de outubro.
Segundo o guitarrista Xandão, a escolha da Rocinha como palco também remete ao engajamento social refletido no repertório do grupo. “Quebra um pouco a barreira que a favela é um lugar violento, dando oportunidade para aquele lugar”, frisa, apontando o exemplo do projeto Conexões Urbanas, circuitos de shows nas comunidades carentes promovidos pelo grupo cultural AfroReggae.
“As crianças olham para você como referência”, analisa o baixista Lauro Farias sobre o convívio com a comunidade.
Outro exemplo de resgate de jovens que mergulham na marginalidade é apontado por Falcão na figura de Ema, ilustrador que produziu a capa do CD e DVD, além de “transformar as canções em imagens” que passam nos telões durante a apresentação.
NOVO DISCO
Perguntado sobre a diferença do Rappa de 1994 e o de hoje, Falcão prontamente brinca: “Dread! Eu não tinha nem dread na época!”
O vocalista carioca destaca as lições de vida, lembrando do ex-membro Marcelo Yuka, vítima da violência urbana que o deixou paraplégico. “São lições de pessoas que você tanto admira, como também é o caso do Herbert (Vianna), do Paralamas”, lembra.
Segundo Falcão, o hiato de um ano e oito meses deixou os integrantes mais fortes e mais maduros, sempre críticos com o trabalho. “É a gasolina perfeita para formar – até o final do ano – a espinha dorsal que será o novo disco”, confessa.
Mesmo sem ideia de nenhum título, o novo trabalho do Rappa vai ganhando forma entre as apresentações da turnê, reservando também a agenda para novas experimentações em estúdio e restabelecendo o processo criativo.
A última vez que O Rappa se apresentou por aqui foi em João Pessoa, em 2009, ano em que deram a pausa.
Mesmo sem previsão, a vontade de voltar a tocar na Paraíba fica transparente no baterista Marcelo Lobato. “Temos que sair desses polos e dessa deficiência que é ficar apenas no Sudeste Rio-São Paulo”, reclama. “Nesse sentido, temos que se sentir mais cidadãos brasileiros.”
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