CULTURA
Reza conforme os 'catecismos'
Shiko lança 'Talvez Seja Mentira', história em quadrinhos com clima das famosas obras eróticas publicadas entre os anos 1950 e 70
Publicado em 31/08/2014 às 8:00 | Atualizado em 11/03/2024 às 15:47
A partir dos anos 1950, para rezar conforme o conservadorismo da época, as histórias em quadrinhos pornográficas eram comercializadas clandestinamente em um formato que lembrava os catecismos, livretos de bolso da doutrinação elementar católica.
Impressos em papel barato, esses trabalhos eróticos eram passados de mão em mão pelos ávidos jovens nos proibitivos ‘Anos de Chumbo’ da Ditadura Militar entre os anos 1960 e 70.
O sucesso tinha um nome: o funcionário público carioca Alcides Aguiar Caminha (1921-1992), que produzia o conteúdo sob o pseudônimo de Carlos Zéfiro.
Com essa inspiração inconsciente, o quadrinista Shiko está lançando Talvez Seja Mentira (R$ 25,00), álbum independente que apresenta um formato diferente além das suas dimensões.
Medindo 10 cm x 15 cm, a obra é dobrada em ‘sanfona’ entre duas capas duras nos seus extremos. Quando esticada, a única página mede um metro de largura, apresentando uma panorâmica história em quadrinhos de um lado e outra narrativa do outro. Ambas em preto e branco.
Partindo de um roteiro em conjunto com seu irmão, o jornalista Bruno R., Shiko confessa que o conteúdo que remete aos ‘catecismos’ foi feito organicamente. “Não foi planejado.
Quando vi, já tava nesse formato. No processo, notei que alguns diálogos têm a referência do ‘catecismo’”, conta o autor em entrevista ao JORNAL DA PARAÍBA.
O quadrinista paraibano explica que uma história mostra um homem descobrindo que a ex-namorada o traía documentando com ilustrações em forma de HQs as experiências sexuais com vários amantes, como uma espécie de Kama Sutra particular.
No outro lado, a narrativa acompanha um rapaz que teve uma experiência com a mesma garota-artista.
Talvez Seja Mentira será lançado oficialmente na 2ª edição da Convenção Internacional de Quadrinhos de Curitiba, a GibiCon, que será realizada entre os dias 4 e 7 de setembro, no Museu Municipal de Arte (MuMa) da capital do estado do Paraná.
“A conta da gráfica ainda tá lá”, conta Shiko, aos sorrisos.
“Quando chegar, vou fazer um feirão dos originais”, remetendo ao financiamento do seu álbum anterior, O Azul Indiferente do Céu, lançado no ano passado. O autor levantou o montante através de um leilão de várias ilustrações pelo perfil no Facebook.
No levantamento que Shiko garimpou pelo seu estúdio, ele contabilizou mais de 120 artes que estavam acumulando nas suas gavetas.
A edição está em pré-venda pela gibiteria Comic House, em João Pessoa. Os 50 primeiros que comprarem adiantados vão receber um cartão personalizado pelo próprio Shiko, mas com diferença de preço (um adicional de R$ 5,00).
Mais informações no blog da loja especializada (www.comichouse.blog.br).
MARATONA
Ontem Shiko participou de uma mega sessão de autógrafos durante a Bienal Internacional do Livro São Paulo.
Além do paraibano, que participou assinando sua HQ do Graphic MSP, Piteco - Ingá, participaram também os outros autores do projeto que imprimiram sua visão pessoal de personagens criados por Mauricio de Sousa: Danilo Beyruth (de Astronauta - Magnetar), os irmãos Lu e Vitor Cafaggi (Turma da Mônica - Laços), Gustavo Duarte (Chico Bento - Pavor Espaciar) e a dupla Eduardo Damasceno e Luís Felipe Garrocho (da recém-lançada Bidu - Caminhos).
Depois de participar da GibiCon em Curitiba, Shiko comparecerá a partir do dia 11 da Feira Internacional de Arte Contemporânea do Rio de Janeiro (ArtRio), participando do segmento de arte urbana, o projeto ArtRua.
No dia 13 será a vez de torcer para Shiko na cerimônia do 26º Troféu HQMix, a principal premiação no ramo do país.
Por fim, o quadrinista encerrará o tour na Feira de Publicações Independentes, que será realizada no Sesc Pompeia, em São Paulo, para lançar Talvez Seja Mentira.
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