CULTURA
Risos com nanquim
Cartunista paraibano William Medeiros lança em São Paulo a coletânia 'Traços de Tinta', que reúne três décadas do seu trabalho.
Publicado em 24/08/2013 às 6:00 | Atualizado em 14/04/2023 às 16:20
O cartunista William Medeiros é “infalível como Bruce Lee”, define o companheiro de profissão Amorim. Ele divide o espaço com outros nomes que sujam suas mãos de nanquim como José Alberto Lovreto, o JAL, e J. Bosco para apresentar Traços de Tinta (independente, 92 páginas), coletânea que reúne uma seleção de três décadas dos cartuns do paraibano.
O livro será lançado no 40º Salão de Humor de Piracicaba, no interior de São Paulo.
“Cartum nada mais é que uma piada desenhada”, explica William. “Mas o bom mesmo é extrapolar o limite da piada, ultrapassando o limite da realidade sem deixar de ter em mente que poderia muito bem acontecer no mundo real”.
Natural de Campina Grande, William tem na sua estante em torno de 20 premiações pelo seu trabalho. Começou com pé direito nos anos 1980, quando ganhou o 2º lugar no concurso promovido pelo renomado O Pasquim. O corpo do júri era formado por Chico Caruso, Luscar e Jaguar. “O Pasquim era referência para qualquer cartunista. Só tinha a nata”, relembra. “Eu não poderia ter motivo melhor para acreditar que um dia poderia me tornar um cartunista”.
Nas disputadas páginas da revista, o paraibano ainda emplacou duas páginas com seus cartuns e um texto assinado por Jaguar.
“Talvez inspirado pelas caixas de cerveja que faturou em uma das rodadas nos mandou um pacotão de caricaturas”, brincava o texto do cofundador da publicação. “O fator surpresa: não satisfeito em ter apenas 19 anos, o nosso caricaturista vive em Campina Grande, lá na Paraíba”, finalizava.
“Publicar lá (n'O Pasquim) era como ganhar um prêmio internacional”, compara William Medeiros.
Em Traços de Tinta, o artista faz um apanhado que acompanha a evolução de seus desenhos. Dentre os temas, a preocupação ecológica, o esporte, o circo, o cotidiano e o viés político se misturam com o humor negro e nonsense do cartunista.
Na seleção, podem-se acompanhar vários trabalhos que remetem aos costumes que se agregam no uso das novas tecnologias: uma senhora que ‘metralha’ junto da mesinha do telefone fixo, o orelhão malcuidado, o mendigo com celular ou o aparelho móvel que tem de tudo, menos créditos para ligar.
“Todos os cartuns que faço geralmente são coisas que li ou vi”, atesta William, que utiliza desde o bico de pena até o desenho digital.
PARAIBANOS EXPÕEM EM PIRACICABA
Em virtude das quatro décadas do Salão Internacional de Humor de Piracicaba (SP), William Medeiros participará de uma mostra do aniversário do festival. “O salão abriu portas pra mim quando ganhei o 1º lugar com um cartum ecológico, em 1989”.
Além da presença de William, o cartunista paraibano Fred Ozanan também estará em Piracicaba, expondo suas obras selecionadas e lançando um livro de caricaturas.
“O salão é o mais antigo do mundo, com 40 anos ininterruptos”, certifica Fred. “Quando começou, foi um espaço para divulgação dos trabalhos de humor porque durante a Ditadura não se podia nada”.
Em 1985, Fred recebeu um prêmio do salão como Melhor Cartunista paraibano. A partir daí, começou a mandar seus trabalhos para os salões de humor do país. Desde 1997 frequenta também ininterruptamente o evento paulista.
Foram selecionadas quatro obras de Fred Ozanan. No total foram inscritos 4.180 trabalhos nas categorias charge, cartum, caricatura e tira, com a participação de 966 cartunistas de 64 países, sendo selecionados para a exposição apenas 432.
O paraibano também lançará dentro da programação Que Cara É Essa? (Latus, 30 páginas), livro de caricaturas feito apenas com um programa gráfico de PC. “Foi feito diretamente com o mouse para desmistificar as dificuldades. Qualquer um pode fazer”.
Dentre as 60 caricaturas presentes na publicação, Fred empresta seu traço feito em pixels para retratar personalidades como Jô Soares, O Gordo e o Magro, o papa João Paulo II, Anderson Silva, Ronaldinho e Rubens Barrichello.
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