Roberta Sá volta ao samba

Entre idas e vindas, o namoro de Roberta Sá com o samba já dura quase dez anos. O último abalo na relação foi Segunda Pele (2012), disco em que a intérprete potiguar flertava com o tropicalismo e se entregava de corpo e alma a outro amor antigo: a bossa nova. Mas isso tudo ficou no passado.

No show que faz esta sexta-feira em João Pessoa, Roberta Sá reata um namoro que tem tudo para se tornar casamento ainda este ano, quando grava o sexto disco da carreira.

"Eu acho que estou reiniciando este namoro com o samba", admite a cantora que se apresenta a partir das 22h no palco instalado entre as praias de Tambaú e Cabo Branco. "Me deu uma saudade de tocar samba de novo e será um prazer fazer isso na Paraíba."

Na apresentação que faz pelo Extremo Cultural, ela vem acompanhada de um naipe de metais formado por Eduardo Neves (sax tenor e flauta) e Diogo Gomes (trompete e flugelhorn). A retaguarda com dois integrantes da Orquestra Criôla é para dar textura justamente ao repertório de Segunda Pele, título que buscava novas sonoridades inspiradas na trajetória do maestro Rogério Duprat (1932-2006). O CD incluía apenas um samba: 'O negro e eu', de João Cavalcanti (membro do Casurarina e filho de Lenine). Relegado a segundo plano no mais recente trabalho, o ritmo entra em cena quando a artista faz uma revisão da trajetória com canções que a acompanham desde o início da carreira.

"O show está bem essa coisa tropicalista do Segunda Pele. Mas tem uma pegada bem samba que representa este momento que eu estou vivendo", descreve. "Será um apanhado de todos os meus discos, com coisas do repertório antigo, como 'Cicatrizes' e 'Samba de um Minuto'. Coisas que não podem faltar nos meus shows."

DA ARENA AO ESTÚDIO

Natural de Natal (RN), Roberta Sá mora atualmente no Rio de Janeiro (RJ) com o marido Pedro Luís (da banda Pedro Luís e a Parede). Ela visitou o Nordeste na semana passada, quando foi convidada para a inauguração da Arena das Dunas, na cidade em que viveu até os nove anos.

"Foi demais. O estádio estava lindo. Foi a primeira vez que eu cantei em um gramado", conta, lembrando do momento em que cantou o Hino Nacional na casa que será um dos redutos da Copa do Mundo, este ano.

"Foi muito bacana tocar com músicos do Estado em que eu nasci, como a Orquestra Sanfônica Potiguar. Eu adoro me aproximar deste universo regional."

Atualmente, a exemplo de alguns pares da MPB como Maria Rita e Mart'Nália. Roberta Sá está mergulhando no universo do samba para preparar o próximo disco. A intérprete, que em 2007 foi eleita melhor cantora pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA) e em 2009 lançou o CD e DVD Pra Se Ter Alegria (Universal), entra novamente em estúdio ainda este ano. A procura por compositores de samba para integrar o time de parceiros já começou.

"Olha, essa procura para mim é interminável. Sempre que eu faço um disco, já estou pensando no seguinte", confessa quem faz questão de ligar pessoalmente para os compositores cuja obra lhe interessa. "Eu ligo e peço para ouvir o que eles estão produzindo. Gosto muito de ouvir coisas antigas também. O samba tem produzido compositores novos que me interessam muito. Ainda não sei muito bem se o próximo disco vai ser de samba, mas sem dúvida os sambas vão estar contidos neles porque tenho remexido neste universo."

RENATA ARRUDA GRAVA DVD AO VIVO

"Quem gostar do meu trabalho e quiser aparecer no DVD é só botar uma roupa bacana e aparecer lá às 19h, com o maior sorriso", convida Renata Arruda para o show que faz antes da apresentação de Roberta Sá. A passagem da paraibana pelo Extremo Cultural marca a gravação ao vivo do segundo DVD da trajetória, Marcas e Sinais: 20 anos de Carreira, previsto para sair no segundo semestre com a marca do Canal Brasil.

Para a festa, Renata convida participações de peso: Sandra de Sá vem a João Pessoa para cantar a parceria 'Libera'; Nando Cordel também foi convocado para entoar uma letra escrita a quatro mãos: 'Rota (som da paixão)'; Eric von Soshten e Antônio de Pádua acompanham a intérprete em 'Hoje eu quero sair só' (de Lenine). "Vão ter também arranjos novos para canções que eu não gravei com banda, como 'Xamego no pavio', que terá a participação do sanfoneiro Eduardo Araújo", avisa a compositora do hit que ganhou a edição d e 2012 do Forró Fest.

O registro ao vivo tem a direção musical de Robertinho do Recife, que produziu os três mais recentes discos da voz de 'É ouro pra mim' e 'Porta do sol', presentes no roteiro. "São 20 anos de carreira. É um DVD super importante que eu acho que vai contar um pouco do amadurecimento que eu tive na estrada", revela. "O Robertinho ensaiou comigo e com a banda pelo Skype, o que foi uma coisa bem inédita pra mim. O palco vai ser movimentado: são mais de 30 pessoas envolvidas com o show."

O espetáculo terá uma novidade: a inclusão de dois poemas de autoria de Renata, 'Inquilino' e 'Queria você aqui'. O laço com a literatura será firmado ainda mais este ano, quando ela pretende lançar uma coletânea de poemas.