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CULTURA

'Robocop': de volta a 1987

Foi zanzando pelos bastidores de Blade Runner – O Caçador de Androids (1982) que Edward Neumeier teve o estalo de conceber a história.

Publicado em 23/02/2014 às 6:00

Foi zanzando pelos bastidores de Blade Runner – O Caçador de Androids (1982) que Edward Neumeier teve o estalo de conceber uma história em que um robô fosse metade homem, metade máquina. E cinco anos depois chegava às telas RoboCop – O Policial do Futuro (1987), filme que levou o brasileiro José Padilha a propor à MGM a refilmagem que está aí, nos cinemas.

Aproveitando a chegada do remake ao Brasil, a Fox-Sony lança o filme original em blu-ray, com imagem remasterizada a partir de uma cópia em 4K e uma boa cesta de material extra, com um featurette inédito e arquivos da hoje rara edição dupla em DVD (a Definitive Edition, lançada em 2009).

Os extras contam a via crúcis para tirar RoboCop do papel. “Tentamos vários diretores e ninguém topou”, admitiu Michael Miner, co-roteirista que, com Neumeier, criou a história do policial Murphy (Paul Weller), dado como morto em combate e transformado em RoboCop, protótipo de um super policial criado pela OCP para combater o crime na violenta Chicago de um futuro já pretérito a esta altura do campeonato.

A história acabou caindo nas mãos do então veterano Paul Verhoeven, cujo currículo até ali constava de dramas hardcore e aventuras medievais barra-pesada (vide Conquista Sangrenta, 1985). Em princípio, o diretor holandês não gostou da história, mas reconsiderou-a ao avaliar que o roteiro da dupla americana exalava a sanguinolência que o holandês apreciava.

Michael, Ed e Verhoeven se unem a Weller, a atriz Nancy Allen, ao produtor Jon Davison e o guru dos efeitos especiais Phil Tippett em um debate realizado em maio de 2012 sobre o filme.

As dificuldades da produção, as habilidades da equipe para driblar os recursos limitados dos efeitos especiais e as lembranças do período são narradas em pouco mais de 40 minutos de conversa no único extra inédito da edição.

O blu-ray resgata do DVD duplo o making of ‘Carne e Aço’ (2001), de pouco mais de meia hora, e um material de 1987, como ‘A Filmagem de RoboCop’ e ‘Construindo RoboCop’, além de comentários em áudio que, infelizmente, não estão legendados, entre outras apresentações. Mas quem quer se aprofundar no universo do filme não vai se decepcionar.

Além do áudio original em 5.1 canais DTS-HD Master, o filme também traz opção de dublagem em português (Dolby Digital 5.1). A versão disponibilizada no blu-ray é a do diretor, o que não quer dizer muita coisa além de um minuto a mais de imagens, diluídas em duas cenas sangrentas: a morte do policial Murphy e a do funcionário da OCP pelo ED 209 defeituoso.

RoboCop – O Policial do Futuro, 27 anos depois, ainda não perdeu o fôlego. Embora seja contextualizado na Era Regan, extremamente crítico ao consumo desenfreado da América daqueles tempos e à Guerra Fria, além de ilustrado com figuras típicas da época (como o yuppi Bob Morton, personagem de Miguel Ferrer), sua estrutura de western em que o mocinho volta para se vingar de quem destruiu sua vida conserva frescor, sobretudo graças à direção precisa de Verhoeven. E ainda é um filme extremamente violento.

Com o material extra, a edição em blu-ray ressalta a relevância de um dos grandes cults de ficção científica dos anos 80.

Em determinado momento do debate de 2012, alguém quis saber se no léxico americano de hoje ainda há espaço para filmes que criticam a sociedade contemporânea, como RoboCop o fez nos anos 80. “Eu achei Os Vingadores (2012) parecido com um desenho da Nickelodeon em comparação a esse filme”, foi a resposta de Michael Miner, espinafrando a ingenuidade das produções atuais.

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Jornal da Paraíba

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