CULTURA
Rubens Lisboa lança box onde 45 vozes cantam suas músicas
Depois de quatro discos na carreira, nos quais ele realmente interpreta, canta e sobe ao palco, agora ele lança box com 45 músicas inéditas, interpretadas por 45 artistas diferentes
Publicado em 08/11/2011 às 8:00
O trabalho de Rubens Lisboa, compositor e cantor sergipano, é um grito de resistência. E fôlego ele tem. Depois de quatro discos na carreira, nos quais ele realmente interpreta, canta e sobe ao palco, agora ele lança box com 45 músicas inéditas, interpretadas por 45 artistas diferentes, nomes que vão de Rita Ribeiro a Zéo Brito, com passagem por Elza Soares, Tetê Espíndola, Chico César e Ná Ozzetti.
Desde a concepção, com o primeiro convite até o lançamento do álbum, foram dois anos. Um período até rápido de produção para um artista que não vive das próprias canções e se sustenta com o emprego no serviço público. Apaixonado por música desde a infância, segundo Rubens “tento mostrar a minha obra para um público em nível nacional, como eu nasci e vivo no menor estado do Brasil", explica o músico para o JORNAL DA PARAÍBA as motivações do projeto. "É complicado para um artista despontar.”
O que o compositor pretende é encontrar o próprio lugar nesse mercado, mas como um amante da terra natal, também faz questão de mostrar que Sergipe tem talentos. Assim, para ele, a aceitação “desses grandes artistas em me interpretar funciona como se eles estivessem me dando um aval, dizendo que o meu trabalho vale a pena.” Talvez assim ele consiga o reconhecimento que tanto deseja, inclusive com o público do próprio estado.
Ousadia foi um elemento chave para finalização do disco. Segundo Rubens, a maioria das parcerias que ele conseguiu finalizar só foram possíveis graças ao contato direto entre ele e os intérpretes. "Muitas vezes a produção e assessoria atrapalham o artista. Não falo isso porque a maior parte do meu trabalho é independente, mas porque senti essa dificuldade de ter contato com os músicos que queria convidar, mas todos foram muito receptivos quando ouviram as propostas", explicou o artista.
Neste trabalho, a ideia inicial era realmente de que o disco fosse independente. A proposta reflete uma convicção do músico de que "a música de qualidade tem que buscar formas de chegar ao público."
Sobre a ideia de convidar tantas pessoas para interpretá-lo, ele explica que adora estar no palco cantando, mas o que faz se realizar é ver as pessoas cantando sua música.
A seleção feita pelo autor reúne músicos que ele admira. Por questões contratuais com gravadoras, ele só não conseguiu fechar parceria com dois nomes convidados. Ele explica que tentou “encontrar a canção certa para cada artista; deixei eles se sentirem à vontade em relação a música e arranjo.” O resultado é um trabalho versátil com gêneros variados, que vão de frevo ao samba, ciranda, pop e balada brega, reunidos em Rubens Lisboa por tantas vozes (2011, R$ 30,00), que sai pelo selo Discobertas.
Essa variação foi feita de forma consciente e proposital. "Busco a pluralidade e fujo de estereótipos de gênero. Pessoalmente eu gosto de vários e como compositor, preciso deixar isso transparecer na minha música", explicou.
De forma semelhante aos estilos, também variam os temas que motivam o compositor. As músicas falam sobre amor, como na letra ‘quando eu me lembro da tua boca inda, teu peito perto do meu coração’, no forró ‘Amor de dois’, interpretada por Chico César, além de falar também sobre sexo, cotidiano, ou sobre como “a moda é ficar o tempo todo conectado, conectado, conectado”, na canção interpretada por Rodrigo Bittencourt, chamada ‘Conectado’.
A inspiração surge de forma inusitada, vem do cotidiano na praia, no trânsito. As letras são rascunhadas no bloquinho de anotação mais próximo, ou mesmo registradas no celular. Assim como uma melodia que ele guarda gravada no aparelho. Tudo é amadurecido e melhorado com o tempo, em casa, onde desenvolve o trabalho.
Rubens Lisboa ingressou na música participando de festivais no estado na década de 80. Mas foi só em 1998 que a carreira profissional começou com o lançamento do primeiro CD intitulado Assim, meio de lua, produzido de forma independente e com 20 faixas. De lá pra cá, vem encarando o trabalho com uma máxima fácil de entender: “a gente não pode dizer que compõe pra gente, nós temos que compor para o mundo”.
Comentários