CULTURA
Rubens Nóbrega lança livro repleto de causos
Histórias se passam na cidade de Bananeiras, no Brejo paraibano.
Publicado em 02/06/2013 às 10:50 | Atualizado em 13/04/2023 às 18:08
O jornalista Rubens Nóbrega nasceu em João Pessoa. Mas, quando passou a “se entender por gente”, se mudou para Bananeiras, no Brejo paraibano. Lá, viveu dos 4 aos 14 anos de idade, fez muitos amigos, ouviu muitas histórias e viveu outras tantas. Bananeiras é o cenário de seu primeiro livro, Histórias da Gente (All Print Editora, 217 págs.), que ele lança amanhã, às 18h, em João Pessoa, na sede da OAB (rua Rodrigues de Aquino, 37, Centro).
É em Bananeiras que se desenrolam as histórias de Chico da Rádio, Seu Duca, Giel e o famoso Jejé. São enredos sobre amores e dissabores, narrativas do cotidiano que são reimaginadas, ao sabor da ficção, pelo colunista do JORNAL DA PARAÍBA, um dos principais articulistas da imprensa paraibana.
Com habilidade, Rubens vai narrando a “minha história dos outros”, para citar Zuenir Ventura que, como Rubens, é jornalista. A diferença é que o colega paraibano utiliza da ficção para “dourar” fatos reais e/ou históricos do nosso Estado. “Eu tenho que calçar a ficção com fatos reais para poder dar a verossimilhança às histórias”, comenta.
É o caso, por exemplo, do texto dedicado à Revolução de 30. Depois de mergulhar em uma extensa pesquisa sobre o período, Rubens Nóbrega imaginou como seria se Pernambuco invadisse a então Parahyba da época, a partir de desafetos do presidente João Pessoa (1878-1930).
A história – publicada originalmente em capítulos em um outro jornal da capital – era fundamentada em tantos detalhes reais que convenceu muita gente, a ponto do autor receber um convite para um debate sobre o assunto no IHGP (Instituto Histórico e Geográfico da Paraíba).
O episódio sobre a Revolução de 30 é uma das poucas histórias sobre o Poder em um livro predominantemente de causos do povo – a outra exceção é uma narrativa curiosa sobre um amor que o economista Celso Furtado (1920-2004) tentou reecontrar depois do exílio na França.
O texto de Rubens, inclusive, é fiel ao linguajar do homem do interior. “Eu procuro ser fiel aos falares” – confirma o autor – “Não chego a ser um Bode Gaiato, mas procuro escrever igual aos personagens do livro, procuro dar a eufonia correta das pronuncias regionais”.
Algumas dessas histórias já foram contadas por Rubens nas páginas de jornal, mas aqui aparecem em versões mais detalhadas e, às vezes, até mais picantes que a original. Outras são inéditas. “Algumas histórias eu estendi, outras eu fundi numa só, juntei dois personagens distintos em um só também, fiz esse tipo de coisa”.
O carro-chefe da obra é a história de Seu Jejé. Segundo Rubens, o velho era de uma vitalidade impressionante – para alegria da esposa, Dona Ciça. Reza a lenda que todo esse furor vinha das bananas que ele consumia de sua plantação. O fenômeno, depois de ser estudado pela universidade, foi parar no exterior, a convite de grandes corporações que buscavam um afrodisíaco natural.
O conto – uma prova da capacidade imaginativa do autor - correu Bananeiras de uma maneira que até um pesque-pague foi inaugurado com o nome de Jejé, história que o autor tem vontade de levar ao teatro ao cinema.
PREFÁCIOS
Como aponta, muito bem, o professor Neroaldo Pontes em um dos dois prefácios do livro, a obra reúne as histórias de Rubens, que são as histórias da sua gente, mas também são as histórias da gente.
O outro prefácio é do escritor alagoano Ronaldo Monte, que gostaria de “tomar emprestada” a infância de Rubens Nóbrega e “lembrar do tempo que vivi em Bananeiras (...) comendo pencas de banana inglesa, sentindo os cheiros e catingas que exalavam das ruas e das casas conjugadas (da cidade)”.
A capa traz uma imagem da antiga estação de trens de Bananeiras. A foto, datada de 1925, foi publicada em um jornal inglês que hoje está exposto no Steam, o museu da famosa ferrovia Great Western, em Swindon, a 130 quilômetros de Londres, e foi identificada por um paraibano que enviou a reprodução do jornal para ex-prefeito da cidade, Ramalho Leite, que a cedeu para Rubens.
O autor, inclusive, tenta agendar o lançamento de Histórias da Gente em Bananeiras, durante a programação do projeto Caminhos do Frio. A data ainda não foi confirmada.
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