CULTURA
Sambista Mariene de Castro lança álbum Tabaroinha
Cantora abre seu novo trabalho com uma releitura encorpada para ‘A pureza da flor’, conhecida na voz do sambista Arlindo Cruz.
Publicado em 06/05/2012 às 8:00
Mariene de Castro abre seu novo trabalho, Tabaroinha (Universal Music, R$ 25), com uma releitura encorpada para ‘A pureza da flor’, conhecida na voz do sambista Arlindo Cruz. Ela diz que se reconhece muito na canção. “Acho que é uma música que fala de amor, que rima com flor. E eu acredito nesse amor que rima com flor, e por isso a pureza da flor”.
Mas a pureza da cantora vai além da rima. Em seu terceiro disco, Mariene consolida um belo trabalho de resgate das raízes afro-brasileiras, mas rompe a fronteira da Bahia e abre a sonoridade de seu trabalho a diversos recantos do Nordeste.
“Eu conto a minha historia desde o primeiro disco (Abre Caminho, de 2004). Claro que com momentos diferentes, com outra maturidade”, comenta com a reportagem, por telefone. “Eu tenho essa vontade de falar do meu sentimento com o olhar da menina do interior, com meu sotaque e minha fé”.
Tabaroinha, então, não foge à regra. Há afoxé, ijexá, xote e samba, com regravações (‘Roda ciranda’, de Martinho da Vila), novidades (‘Filha do mar’, da paraibana Flávia Wenceslau) e até o bom e velho ‘padrinho’ Roque Ferreira, que comparece com ‘Foguete’, ‘Ponto de Nanã’ e ‘Orixá de frente’.
A canção de Flávia Wenceslau, paraibana de Campina Grande, foi amor à primeira vista. “Depois de um show meu, ela foi até o camarim dizendo que queria me mostrar uma música.
Estávamos eu e a Beth Carvalho. Ela se apresentou, sentou e começou a cantar ‘Filha do mar’. Quando terminou, estávamos, eu e a Beth Carvalho, em lágrimas, emocionadas. A partir desse dia, a música entrou no meu repertório”, diz.
E foi Beth Carvalho quem apresentou ‘Um ser de luz’, outra regravação famosa do disco, a Mariene. “Ela (Beth) me falou que essa é uma das músicas mais lindas da música popular brasileira”, diz. “Daí, 'Um ser de luz' é minha homenagem a Clara Nunes, que esse ano completaria 70 anos”.
O disco homenageia, também, outras duas figuras ilustres: Luiz Gonzaga e Dorival Caymmi. Do primeiro, cujo centenário é celebrado este ano, ela regravou ‘Estrada de Candidé’, aquela parceria do velho Lua com Humberto Teixeira e que diz ‘Ai, ai, que bom / Que bom, que bom que é / Uma estrada e a lua branca / No sertão de Candindé’.
De Caymmi, ela trouxe a bela ‘Tia Nastácia (Cantiga pro Sinhozinho)’. “Sou muito ligada a essas memórias de infância. E Tia Anastácia traz o Sítio do Pica-Pau, Monteiro Lobato...”, comenta Mariene, entregando que tinha toda a coleção de Monteiro Lobato. “E tenho até hoje. A Emília foi a personagem da minha infância”, acrescenta.
No total, Tabaroinha traz 13 faixas banhadas a uma autêntica música regional, coroada com uma das mais belas vozes da Bahia, na atualidade.
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