Savana Glacial será apresentado no Santa Roza

O teatro paulistano e carioca por vezes se alimenta de uma rusga insensata, com raízes na velha rivalidade que mobiliza as duas grandes metrópoles culturais do país: afinal, quem tem, hoje, o melhor teatro, São Paulo ou Rio?

Paulistanos alegam que, no Rio de Janeiro, o tablado serve tão somente de trampolim para a televisão, onde mergulham os pupilos que se sobressaem na verdadeira escola de dramaturgia que é estar diante de uma plateia, após abertas as cortinas.

Como rebote, os cariocas vêm respondendo com a militância de uma nova geração de dramaturgos que tem movimentado o cenário ornado pelo Cristo de braços abertos.

Poucos sabem, mas quando ninguém olha a imagem do Corcovado está aplaudindo nomes como Jô Bilac, jovem de 27 anos que assina Savana Glacial, peça apresentada hoje e amanhã, às 20h, no teatro Santa Roza.

O texto vem na bagagem da companhia carioca Físico de Teatro, que viaja ao Nordeste a convite do Vértice, mostra de teatro e dança que, semana passada, trouxe outro grupo com sede na Cidade Maravilhosa para João Pessoa: a Cia. das Inutilezas.

Atriz de Savana Glacial, montagem que faturou o Prêmio Shell do ano passado e foi indicada pelo jornal 'O Globo' como um dos dez melhores espetáculos de 2010, Camila Gama falou sobre a cena teatral do seu estado e o espetáculo que faz curta passagem pela capital paraibana.

"Somos representantes de uma nova geração: estamos há cinco anos em atividade e nosso elenco tem uma média de idade abaixo dos 30 anos", explica a intérprete de Agatha, uma jovem maquiadora que divide cena com os personagens Michel (Renato Riveira) e Meg (Andreza Bittencourt).

"Estamos felizes e ansiosos por poder mostrar na Paraíba esta efervescência que tem revelado nomes como o Jô Bilac, que já com pouca idade está se firmando cada vez mais como autor teatral e já alcançou quase a fase de dispensar apresentações", conta Camila, se referindo ao roteirista de O Silêncio que Precede o Beijo (curta-metragem protagonizado por Mayana Neiva).

Camila Gama cita outros nomes que têm pipocado na panela teatral carioca: "Rodrigo Nogueira (28 anos) e Pedro Brício (33 anos) são outras expressões que estão fortalecendo as cúpulas dos grupos e defendendo nossa bandeira", diz ela. "São Paulo conta com mais recursos, e com a atuação do Sesc, que é bem mais forte por lá", ressalta.

A primeira peça do Físico de Teatro foi Felizes Para Sempre (2006), do consagrado Mário Bortolotto (que, ironicamente, reside em São Paulo). A próxima, segundo Camila, terá a tinta da caneta de Rodrigo Nogueira.