CULTURA
Sexo e lirismo em canções dilaceradas
Cantor, poeta, ator e diretor André Morais lança seu segundo álbum; 'Dilacerado' sai primeiro nas plataformas digitais e depois em CD.
Publicado em 22/08/2015 às 6:00
Trabalhado nos últimos 3 anos, Dilacerado (independente), segundo álbum do cantor, poeta, ator e diretor André Morais, sai oficialmente hoje nas plataformas digitais (Spotify, Rdio, Deezer etc) e para download gratuito no site www.andremorais.com, com patrocínio do Fundo Municipal de Cultura (FMC). A versão física, em CD, está a caminho.
Autobiográfico e com forte teor erótico, Dilacerado parte de momentos recentes que André viveu, traduzidos em poemas que ele próprio escreveu. “São processos de rompimentos, tanto amorosos quanto de vida mesmo”, resume Morais, ator de espetáculos consagrados como Bruta Flor (que deu origem ao seu primeiro CD) e diretor do curta Alma e do longa (ainda inédito) Rebento.
Sob a direção artística de André e a musical de Pedro Medeiros e Herlon Rocha, os poemas ganharam forma através de parceiros como Lucina (da dupla Luli e Lucinha) e os paraibanos Jonathas Falcão (o Seu Pereira) e Chico Cesar (que havia atuado no disco anterior).
Os dissabores do amor de André Morais são decantados em arranjos líricos, formados por pianos solenes e cordas sensíveis, como acontece em 'Teu', 'Chuvosa' e 'Delito'. Em 'Dilacerado', que dá nome ao disco, os vocais de André vão se tornando intensos num expurgo. Calcada no blues, 'Orgia' é embalada por uma guitarra saliente e um vocal lascivo para narrar, em minúcias, o que o título sugere.
Assim como o disco de 2011, Dilacerado é recheado de participações especiais. Se o primeiro trazia nomes como Ná Ozetti e Mônica Salmaso, este tem Elza Soares e Naná Vasconcelos. A voz grave de Elza faz um ótimo contraponto com o vocal suave de Morais em 'Nua', um tango libidinoso, fruto da parceria com Chico César.
Naná Vasconcelos, um dos músicos brasileiros mais prestigiados no mundo, empresta seu talento às faixas 'Confissão' e 'Deserto' (ambas da parceria com Seu Pereira), coroando-as com discretos efeitos percussivos e vocalizes. O network do artista nascido e criado em João Pessoa, que hoje completa 31 anos, é forte. Mas segundo ele, não tem mistério. “É na cara de pau mesmo”, afirma, entre risos. Internet, telefone e um punhado de boas canções autorais foram o suficiente para conquistar os convidados do novo trabalho.
Captadas entre os estúdios Peixe Boi (João Pessoa), Carranca (Recife) e DRS (Rio de Janeiro), as dez gravações que compõem o disco são, todas, o registro primeiro “take”, assegura André, que optou por gravar os vocais com instrumentos, tudo junto, misturado e ao vivo. No estúdio, o cantor encontrava o ator. Afastava os equipamentos e interpretava cada canção com o corpo em movimento. “É um pouco a extensão do meu trabalho de ator”, confidencia. “Eu respiro melhor assim e acho que o ouvinte sente isso. É como Maria Bethânia: você é capaz de ouvir o sorriso quando ela canta!”
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